quinta-feira, 16 de outubro de 2008

LIBERA GERAL!

Por Marcelo Benvenutti


Os números não mentem. Sim. Eles não mentem. As mentiras surgem da interpretação que damos a eles. Tem gente que acredita em numerologia, por exemplo. Do nada, poderia mudar o meu para Marcello, com um "l" a mais, porque algum guru neo-psicodélico assim me disse. Não mudarei. Até porque não acredito em numerologia. E nomes com dois "l" me lembram de ex-presidentes nefastos.

Os números, e não vou ficar aqui enumerando-os, mostram que o Inter do Brasileirão de 2008 perde pontos para os piores colocados e ganha pontos em cima dos grandes clubes. Que nossa defesa não é das piores, mas nosso resultado ofensivo, incrivelmente abaixo do poderio, deixa muito a desejar. E, por último, para não me alongar demais, nossa pontuação fora do Beira-Rio é vergonhosa.

Claro que não estou contando nenhuma novidade para quem acompanha o Colorado todos os dias. É a cruel verdade dos números. Mas, e sim, devemos perder um pouco de nosso tempo interpretando-os. Tirando fora as primeiras cinco rodadas em que nossos jogadores foram treinados pelo Sheik Abel e depois, interinamente, pelo olheiro Guto, o time de Tite, sim, já podemos chamar de o time de Tite, num primeiro momento sofreu por conseqüência da disfunção administrativa colorada. Modernos como somos, adotamos o calendário europeu, ou argentino como querem alguns, antes que a CBF ganhe a briga com a Globo e adote o mesmo. De nada nos serviu estrear reforços fora de forma ou desentrosados e fomos patinando vagarosamente até que tudo estivesse solucionado.

Mas, analisando porque perdemos basicamente pontos fora de casa para adversários fracos e não temos um bom ataque, não podemos deixar a interpretação de lado. Tite, como um bom treinador, não considero Tite péssimo, formado nas peleias dos Gauchões, tanto como treinador quanto jogador, não perdeu o cacoete do recuo exagerado. Menospreza o poder de seu próprio time. Um time é também o reflexo do perfil do treinador. E Tite tem o perfil anal-retentivo, pra deixar a maioria freudiana do Rio Grande em polvorosa. Nas entrevistas, Tite deixa transparecer quase sempre a mesma desculpa, tanto nas vitórias quanto nas derrotas. Nas vitórias, deixamos de fazer mais. Nas derrotas ou nos empates azedos, a mesma ladainha.


Mas, Tite, agora que tens um grupo fechado, agora que estabeleceste o teu time, agora que terás quase todos os titulares até o fim do campeonato sempre em campo, sem mais essas paralisações de Seleção, lesões ou expulsões, agora, Tite, libera! Libera o time para jogar. Deixa eles livres para fazerem dois quando tiverem feito um. Para fazerem quatro quando tiverem feito dois. Tite, deixa eles fazerem oito quando tiverem feito quatro no primeiro tempo. Deixa de ser retentivo, Tite. Libera geral, e que venha a borrasca! Libera, que eu acredito que poderemos vencer oito jogos em nove. Libera o Abel que existe dentro de ti e seja feliz.
Ou então compra um Prozac e vai pra casa.

Nos contentaremos se tiver cerveja no Bar 4.

Mas, libera, Tite, vai.
Libera!

Ps.: Para quem mora em Curitiba ou perto, estarei hoje à noite lançando o livro da imagem abaixo.

No bar Beto Batata do Alto da XV, a partir das 20h00. A partir da próxima semana, à venda também por e-mail.

Nenhum comentário: