sábado, 18 de outubro de 2008

MINHA DOR É SÓ MINHA

Por Raphael Castro


"Um dia, vieram e simplesmente anularam 11 jogos no campeonato nacional sem prova irrefutável das irregularidades alegadas. Como eu não disputava a Primeira Divisão, não me incomodei. No dia seguinte, derrubaram escandalosamente na área um jogador colorado, sem dar o pênalti, e ele até foi expulso por ‘simulação’. Como eu não disputava a Série A, não me incomodei. No terceiro dia, ameaçaram não apenas rebaixar o Inter como também tirá-lo da Libertadores se um torcedor não abdicasse de seu direito legítimo de ir contra uma decisão arbitrária e nula de um juiz que não poderia (por lei) atuar no STJD. Como eu estava na Segundona, não me incomodei. No quarto dia, vieram e quiseram me tirar da liderança do Brasileirão. Mas aí já não havia mais ninguém para reclamar por mim..."

Idade das trevas

O texto parodiado acima na verdade não é de Brecht, e sim do teólogo Martin Niemöller. Pois é, eu bem que tentei. Mas não deu, não consegui resistir. Dois mil e cinco foi o meu Holocausto pessoal, a minha Hiroshima, a eterna maior velhacaria da história do futebol deste País. Exumarem Darth Zveiter et caterva agora, seja porque razão fosse, já seria em si mesmo lamentável e indigesto. Mas lembrar aquela fedentina toda para catapultar uma indignação meio bocó (afinal, NADA disso afetaria necessariamente o resultado do campeonato, ao contrário do que ocorreu no passado) é simplesmente incompreensível...

Agora chega

Alto lá: não quero com isso dizer que toda essa arbitrariedade espetaculosa não seja reprovável. É claro que é, e todos têm o direito sagrado de espernear contra o que lhes contraria. Mas daí a usar o nosso exemplo para lembrar que “isto já aconteceu antes”, que “eles têm raiva de clubes gaúchos” e nhenhenhéns similares já é demais. Não, não aconteceu “de novo”, não, jamais, nunca, não mesminho. Juro, sou solidário a quem quer que se veja desfavorecido em razão de uma injustiça. Mas essa “revolta” com sotaque de FEBEPEÁ agora é simplesmente risível. Ofereço as minhas linhas àqueles agravados pelo arbítrio, mas por favor, não venham me dizer que é que nem 2005. Porque não é. Mas não é mesmo...

The end

Portanto, como diz o título, minha dor é só minha, e não aceito dividi-la com ninguém que não esteja pronto a ir para a arquibancada do Beira-Rio se esgoelar pelo Inter; é minha, não dou, não empresto, não alugo e não permito que se apropriem dela para justificarem a própria “aflição”, quando justamente se riram do que aconteceu ao sabor apenas de suas conveniências (como asseverava meu justo, equânime, realista e verdadeiro avô, S.Assis P.Ererê, “cada um por si e Deus por nós...”).

Tópicas: suspensol

Pois é, nada que um efeitozinho suspensivo não resolva, certo? Mas, no nosso caso, quem sofreu “efeito suspensivo” foi a própria justiça...

Tópicas 2: mas paraí um pouquinho...

“Ah, fez-se justiça”, “valeu a pressão” – mas teriam sido então os intrépidos protestos dos aflitos a conseguir a suspensão da pena, ou o fato de terem sido julgados junto com jogadores do...Botafogo?

Tópicas 3: ãhn, meritíssimo...?

Só pra não esquecer: primeiro, também disseram que havia irregularidades na Série B daquele ano, o que se tornou conhecido exatamente pela mesma fonte que gerou a anulação dos jogos na Primeira Divisão. Resultado? Nenhum. Em segundo lugar, tem gente demais agora falando sem rodeios de 2005, mas que à época devia estar com “crise de veemência”: se é verdade então que “indignação ajuda”, fico absolutamente tranqüilo em cobrar essa gente pela sua bananice naquela ocasião...

Tópicas 4: perguntinha

Bem, se o pleno do STJD seqüestrar novamente os jogadores antes do fim do campeonato, custando assim o título, qual será a cor dos narizes...?

Bem, caros leitores, por enquanto é só isso – e ponto final.

Fui (e não a pé).

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