segunda-feira, 3 de novembro de 2008

QUEM VENCERÁ AS ELEIÇÕES NO INTER

Por Andreas Müller

Não sou profeta, vidente e tampouco economista – ainda que as três profissões se pareçam em muitos aspectos. Mas posso afirmar com total segurança: eu sei o que se passa no imaginário coletivo da torcida colorada. Conheço nossos anseios, desejos e medos. Sei a diferença entre o que nos faz esfregar as mãos em incontida faceirice e o que nos faz olhar de soslaio, temendo o pior. Sou capaz de prever a reação da nossa torcida a cada jogada dentro de campo. Aqui mesmo, no Final Sports, eu consigo antever o que os nossos leitores vão dizer ao término de cada uma das minhas crônicas, inclusive as mais polêmicas. E daí que hoje vou utilizar essa capacidade para analisar os pontos cruciais da eleição que se avizinha no Internacional. Muitos dirão que estou falando o óbvio. Mas acredito que, às vezes, enxergar o óbvio é a única coisa que nossos queridos dirigentes não fazem...

* A torcida colorada quer Fernando Carvalho, apóia Fernando Carvalho e confia plenamente em Fernando Carvalho. Mas rejeita Vitório Piffero, amaldiçoa Vitório Piffero e quer vê-lo longe do Beira Rio de uma vez por todas. A chapa de Situação deveria pensar nisso ao escolher seus nomes para o biênio do Centenário...

* Uma chapa encabeçada por Vitório Piffero é tudo que os grupos da Oposição podem almejar. Depois de passar dois anos desperdiçando orçamentos superavitários em times que brilham somente no papel, Piffero conta, hoje, com a rejeição de uma parcela significativa dos sócios colorados – que não são poucos.

* O apoio de Fernando Carvalho deverá assegurar o triunfo de Piffero, é claro. Mas a Situação perderá cadeiras no Conselho Deliberativo, inevitavelmente.

* A torcida colorada deu ampla maioria à Situação na última eleição. Acabou aprendendo na marra que uma Oposição enfraquecida é prejudicial para o andamento do clube. Ou seja: já existia uma tendência natural de a Oposição ganhar força na eleição do Centenário. Com a série de fiascos do Inter dentro de campo, essa tendência se acentuará ainda mais...

* Se quiser manter a hegemonia, a Situação deverá lançar uma chapa sem Vitório Piffero – ou alocá-lo em uma função de menor visibilidade, como a vice-presidência de Patrimônio. Nomes como o de Pedro Affatato e Giovani Luigi venceriam fácil.

* Apesar dos fracos resultados obtidos no comando do futebol, Luigi ainda é visto como um gestor de grande potencial para funções técnicas. Muitos colorados votariam nele para, digamos, vice-presidente de Administração – função que hoje é exercida (brilhantemente, cabe ressaltar) por Décio Hartmann.

* Se quiserem ter alguma chance, os grupos da Oposição deverão se unir e lançar um candidato que não tenha ligação nenhuma com os ex-presidentes Zachia e Asmuz. Ambos são ícones do ostracismo do clube nos anos 90. Qualquer candidato que tenha ligação com eles, mesmo que remota ou imaginária, fracassará miseravelmente nestas eleições.

* Todo esse cenário pode mudar caso o Inter conquiste a Copa Sulamericana. Nesse caso, a Situação ganhará de goleada – com ou sem Piffero. Um fracasso do Grêmio no Brasileirão também contará a favor da Situação.

* Para o torcedor colorado, é inconcebível que o Grêmio venha a conquistar o tricampeonato brasileiro com um time e um orçamento tão mais modestos do que os do Inter...

* Acredito que o Internacional pode ganhar a Copa Sulamericana. Especialmente se o presidente Vitório Piffero adotar um esquema especial de mobilização... Nunca é tarde para se mostrar serviço.

* A torcida colorada está sedenta por esse título. Conquistá-lo é a única maneira de Piffero se reeleger por méritos próprios – e não apenas por causa do apoio político de Fernando Carvalho.

* Esta análise pretende ser tão isenta e honesta quanto possível. Você, caro leitor, é quem decide se ela tem credibilidade ou não. Para ajudá-lo nessa escolha, destaco abaixo alguns dos meus princípios de torcedor. Estes princípios podem ter distorcido a análise, apesar dos meus esforços pela isenção:

a) Na minha opinião, o futebol deve ser o início, o meio e o fim de qualquer grupo que assuma a gestão do Internacional. O resto vem a reboque;

b) O Internacional precisa se modernizar de uma vez por todas, com uma gestão profissional e meritocrática e dirigentes remunerados de acordo com as metas que atingem;

c) O Internacional precisa criar uma cultura própria de futebol; um estilo de jogo ao qual os jogadores de todas as procedências se adaptem – tal como ocorre no Boca Jrs. Hoje, infelizmente são os jogadores que definem o estilo de jogo do Inter.

d) Acredito que Vitório Piffero não está alinhado com esses princípios.

Vejo vocês em Buenos Aires.

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