quarta-feira, 12 de novembro de 2008

SOBRE TEQUILA, SOMBREROS E ACAPULCO

Por Gustavo Foster

O México é, provavelmente, um belo país para se passar um período de férias: praias históricas, mulheres estonteantes, variedades impressionantes de bebidas, temperos clássicos e filmes absolutos. Chaves, novelas, sombreros e Cafe Tacvba fazem parte de um país simpático, adorado pelos anti-EUA e fãs de RBD. Mas não é um país que deva ser consagrado pelo futebol.

Jorge Campos, Rafa Marquéz e Balboa fazem menos parte de um time de craques consagrados e mais de um grupo de jogadores idolatrados pela alternatividade e peculiaridade. Seleções e times mexicanos são os Botafogos do mundo: tiram pontos de alguns, empatam fora de casa, revelam algum jogador mediano, caem às vezes, sobem outras, mas nunca formam times campeões, times que sejam BONS. América do México? Não se classificaria para a Libertadores no Campeonato Brasileiro, e é o melhor time do país norte-americano.

E, na semi-final, o Inter se depara com um time mexicano. O coadjuvante Chivas Guadalajara, conterrâneo de Pumas e Pachuca, dois clubes que conheceram de perto o futebol brasileiro, o futebol colorado. Pode ser preconceito, ingenuidade, salto alto ou confiança demasiada, mas, depois de passar de Grêmio, Boca e Universidad Catolica (não que o futebol chileno seja algo considerável), é inadmissível ser desclassificado pelo mexicano Chivas. O time de Tite deve se impor, estabelecer uma posição de time maior, mesmo na casa do adversário, e partir para cima do ex-Guadalajara.

O futebol, de um tempo para cá, tornou-se respeitoso, austero, quase solene. Deve-se sempre "jogar para vencer", mas "respeitando o adversário, é lógico". Quem chega desavisado, pensa que não existem times melhores que outros, times com mais história, times que – em um mundo onde a lógica prevalece (diferente do mundo futebolístico) – têm que vencer outros. E o Inter é mais que o Chivas. Assim como o Inter é mais que o Ipatinga, que o Sport e que o Náutico. E esse é o meu maior medo: perdemos para estes times, por não impormos nosso futebol, por não nos postarmos como maiores, por termos medo de quem não amedronta.

O site do time mexicano avisa: "Inter será más dificil que Paranaense", e eu completo, se tudo correr normalmente. O Chivas, apesar de tudo, não chegou na semi-final por acaso. Tem-se pensado muito no futuro colorado, eleições presidencias, Píffero, Bier – "tive-tive-detetive / mas o teu é despachante" -, Alex fica?, Nilmar sai?, técnico para o centenário, o novo diretor de futebol. Mas deve-se frisar: não é hora de pensar no futuro. Faltam quatro jogos. Quatro jogos e comemoraremos de novo um título de projeção internacional. Quatro jogos e ganharemos um campeonato em cima de times brasileiros, argentinos e – por que não? – mexicanos. E, convenhamos, é muito mais legal ganhar do Estudiantes de La Plata do que do Atlético Mineiro.

Não canto vitória antes da hora, mas admito: estou confiante no Inter. Torço para que nosso técnico tenha mais uma noite como aquela da Bombonera e ponha o time pra frente, mesmo sem o craque D’Alessandro. A linha de quatro atrás deu certo, merece ter seqüência (segura o grito, Bolívar). O meio-campo é um quarteto desforme com a entrada do precário Andrezinho, mas acho que dá conta. E no ataque depositam-se todas as esperanças: Nilmar e Alex são gênios.
Se passarmos, pegamos o Argentinos Juniors, time do Maradona, ou o Estudiantes de La Plata, do mestre Verón. Mas calma, faltam dois jogos. Antes tem o Chivas, antes tem o futebol mexicano.

Torço muito pelo nosso ataque, torço para que cheguemos à final, torço para que disfunções estomacais, problemas gastrointestinais e diarréias em geral não acometam mais nosso elenco e torço para que o professor de Radiojornalismo 1 libere os alunos mais cedo.

Hoje é dia de vitória no México!

Chaves pode ser melhor que Malhação, mas o Internacional é melhor que o Chivas Guadalajara, me desculpem os muito respeitosos.

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