segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O AMIGO PORTUGUÊS

Por Raphael Castro

São danados, os portugueses. A língua por eles falada é tão rica, tão diferente da nossa, tão cheia de sonoridades e maneirismos, que é virtualmente impossível ficar indiferente a algumas expressões – que, no nosso “idioma”, às vezes têm usos, digamos, diferentes (basta ver como eles chamam “fila” e “guris” para saber do que estou falando).

Mas o mais bacana é, segundo um amigo meu de Lisboa, a expressão que eles usam para demonstrar admiração e boa sorte - por exemplo, quando alguém lá diz “pô, comprei um carro novo...”, o outro olha e logo responde que...tá bom, só um suspensezinho, prometo que revelo no fim do texto...

Seguindo

Na verdade, este intróito um tanto “luso” vem a propósito do desmerecimento mútuo entre colorados e aflitos das conquistas de cada um: os vermelhos glorificaram uma Copa que, segundo os amigos azulados, é uma “vovó”, um título meio infeccioso, coisa que ninguém quereria em sã consciência; já os gremistas louvam o seu Mundial, que juram legítimo, e que é avacalhado pelos colorados como uma contrafação paraguaia, taça de meia pataca, de um mundo bizarro com apenas dois continentes.

A propósito disso já se falou muita coisa e se escreveram quilômetros de linhas, sem que ninguém ao final conseguisse convencer o outro lado de seu ponto: tem quem queira barrar o aviãozinho, tem quem engraçadamente se arroube dons de visualizar desejos de transmutação de um clube em outro, enfim, maluquices pra todo gosto...

Breve

Bem, já concluindo, porque também não faz sentido dar mais pano pra manga nessa discussão, digo apenas que cada um viva e se sinta bem com o que tem. Gostei da Sul-Americana? Gostei, disse isso semana passada; quem não quer ganhar, não a ganhe, ué: qual é o sentido de, não tendo dado o devido crédito à competição, ficar desdenhando a conquista dos outros? Sim, se eles dizem que têm um Mundial, que tenho eu com isso? É verdade e nós também temos o nosso, não vejo porque discutir isso com quem quer que seja (sei é que não preciso explicar o meu Mundial pra ninguém, pois este é o título mais gloriosamente autoexplicativo que o Inter tem). Enfim, que convivamos pacificamente com nossos títulos, sabendo respeitar as glórias uns dos outros...

Desfecho

Por fim, prometi que revelaria o que os portugueses dizem quando querem denotar contentamento ou alvíssaras a quem lhes conta uma novidade: eles dizem “f...-se”; simples, direto, limpo e sincero. Portanto, com toda a carga etimológica e cultural de nossos antepassados, pra quem me disser “já tínhamos Mundial bem antes de vocês”, eu, autorizada e lusitanamente, retorquirei: “f...-se”, com um grande sorriso no rosto; ouvirei “ah, mas essa tal de ‘Sula’ eu já tinha desde os tempos da Copa Miguelito que a Conmebol organizava em mil novecentos e bolinha”, ao que responderei simplesmente “f...-se”, com elegância camoniana; “ok, mas vocês querem ser a gente”, e lá irei eu, candidamente, “ah, é?”, fazendo pausa entre cada uma das sílabas de “f...-se”. Vê-se então que toda uma celeuma tem solução prática e eficiente (como diria o meu conciso, direto, objetivo e resumido avô, S.Assis P.Ererê, “mais rápido que cocô de ovelha...”).

Tópicas: competência

Com a eleição, por favor, mantenha-se a competência do final do ano no futebol colorado, pois não?

Bem, caros leitores, por enquanto é só isso – e ponto final.

Fui (e não a pé).

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