sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

SIM, NÓS PODEMOS!

Por Marcelo Benvenutti

No genial romance à Leste do Éden, um dos personagens de John Steinbeck, um chinês, passa boa parte da vida traduzindo apenas um techo do Gênesis da Bíblia que fala sobre o destino de Caim, aquele que matou Abel.

Na verdade, ocupa seu tempo apenas na tradução de apenas um verbo. Tenta chegar ao texto original. Na bíblia anglo-saxônica, o tal verbo se apresenta como "SERÁ", dando ao trecho do texto o significado de destino. Será designa que não existem alternativas. Será. O povo de Deus. Os escolhidos. Fecha bem com o determinismo histórico dos anglo-saxões. E de um ou outro povo que se julga escolhido e sai bombardeando quem quiser que seja. Exemplos não faltam.

Na bíblia medieval, o verbo se apresenta como "DEVERÁ". Deverá não é destino. Deverá é uma imposição. Ditadura. Na Idade Média, nem todos eram os escolhidos, mas deveriam seguir o caminho. Se não seguissem, seriam punidos. A diferença em relação aos predestinados, é que devem fazer algo, não necessariamente querem fazer, mas são obrigados pelas circunstâncias a atingirem seus objetivos, independentemente da força ou do meios que se utilizem. Devem. E pronto.

No texto original, o chinês do romance encontrou o verbo "PODERÁ". Poder é um verbo dos mais fortes e verdadeiros. Poder é decidir que será seguido um caminho. Poder é ter vontade própria. Poder é ultrapassar obstáculos. Poder não está preso à ditadura do dever ou o messianismo do ser. Poder é livre-arbítrio. Não somos algo, mas podemos ser. Mas para podermos ser, devemos lutar por isso. Devemos chegar pelo próprio esforço e vontade. O verbo poder, ao contrário do que acham os ditadores ou os escolhidos, é que move o mundo.

Em 2009, ano do centenário, Fernando Carvalho declarou, em tom irado, que o Internacional lutará para vencer todos os seis títulos que disputará. Lutar não se inclui necessariamente em nenhum exemplo acima. Lutar é saber que para conquistar algo devemos nos esforçar. Sim, vocês podem dizer que está mais próximo de poder. Eu me arrisco mais. Dos seis títulos mencionados, dois aparecem como determinados. Seremos campeões da Suruga Cup, contra um time japonês, que, convenhamos, vamos ganhar, não é? Seremos campeões da Recopa, ida e volta. A LDU desmontada. Até o Bolaños saiu de lá. Não menosprezando, é um título de força, mas o destino nos empurra para essa conquista. Nós DEVEMOS ser campeão gaúcho. Por mais que o Gauchão seja um trambolho no caminho da dupla, este campeonato é dever dos colorados. Não temos praticamente nada de terrível para enfrentar até o fim de abril, esta é a realidade, e o Gauchão é nosso dever. Assim como a Copa do Brasil. Se consideramos que temos um dos melhores elencos do Brasil. Que bem treinados seguiremos adiante na Copa, não vai ser o Flamengo, Fluminese ou o Corinthians do Gordo que irá nos atrapalhar. Devemos ser campeões da Copa do Basil. Somos um dos favoritos e temos que encarar essa empreitada de frente. Sem medo. Sem amarelar na hora derradeira. Ganhar a Copa do Brasil é obrigação.

Enfim, PODEMOS ser campeões brasileiros e da Sul-Americana. Podemos. O Náutico ou o Santo André é que não podem. Nós, podemos. Mas para sermos campeões destas duas competições paralelas, teremos que suar mais que o plausível. Jogar mais que o simples. Correr mais que o Guiñazu. Não somos obrigados a vencer as duas. As duas têm vários favoritos. Muito mais que os outros campeonatos. Mas são essas competições que vão contar. Estas que vão alimentar nossos sonhos. Muito mais o Brasileirão que a Sul-Americana. Sei que a Copa do Brasil leva à Libertadores, mas dizem que a Sul-Americana também levará. Então, que nos falta para voltarmos a vencer o Brasileirão? Falta PODER. Desejo de poder. Nós podemos. Em tempos midiáticos do marketing de Obama, diremos: SIM, NÓS PODEMOS.

Feliz 2009 para todos os colorados.

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