quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

DEIXA O MENINO JOGAR

Por Gustavo Foster


Não gosto de me antecipar, de afirmar antes de confirmado, mas é flagrante: Taison tem futuro.

Futebol é um dos esportes mais complexos existentes - esquemas táticos, dribles mirabolantes, alas fixos, pontos de equilíbrio -, mas pode ser resumido em um só simples fator: o jeito de tocar na bola. Taison domina, leva, passa, chuta a bola de tal maneira que é perceptível sua intimidade com a pelota. Esse é o diferencial.

Reitero: é cedo. O atacante - ou seria meia? Aí mais uma pista de quanto chão há de se percorrer - pouco jogou com o time profissional, sempre foi deixado no banco de reservas, pra "pegar o espírito". Entra de vez em quando, guri, mostra lá teu futebol. É o jeito certo de tratar os que sobem das categorias de base, dizem. Concordo. Mas agora é a hora.

Gauchão, aquele início de ano sempre igual: empate - crise! -, goleadas, janelas de transferência, times mais fracos, técnico testando todo mundo do elenco. É aí que entra o guri com nome de lutador de boxe gringo (e escrito errado, ainda, que é pra dar uma chinfra), num jogo como qualquer outro e simplesemente resolve a parada. Dois gols, demonstrações daquelas clássicas de um começo promissor. Tipo filme: se começa assim, o final não tem como ser diferente. Mais um jogo, mais um gol, e dos bonitos.

Prezo pela racionalidade, mas não há como negar que o lado passional pesa também na conta de Taison como promessa. É difícil não preferir as comemorações do pelotense, se comparadas a de jogadores que, seja defendendo Time A ou Time B, jogam com corpo no Brasil e mente na Europa (né, Nilmar?). Não acho que "amor à camisa" seja essencial, nunca pedi isso de ninguém. Os torcedores colorados precisam estar nas arquibancadas, não necessariamente em campo. Mas é no mínimo afudê tu ver um cara comemorando um gol da maneira que tu comemoraria. Daquele jeito que tu sonhava, quando tinha 14 anos. Quase dá pra ver o Taison em pé, na Inferior, xingando o Michel. "Ô Abel, bota eu no lugar desse cara."

Desde o ano passado já dava pra perceber que ali estava alguém que tinha a manha. Imagine-se subindo das categorias de base para os profissionais. Saindo dum grupo de jovens e adentrando o mundo dos profissionais, e de um time com muitas estrelas. O mais fácil seria procurar algum ex-colega de juvenil, ou alguém de alguma cidade perto da tua, ou alguém que tu já tivesse conversado antes, andando pelo Beira-Rio, certo? Errado. Taison se amigou logo com Andres D'Alessandro, a estrela. Diga-me com quem andas que te direi quem és. Ou serás.

A base já tá construída, isso pode ser dito. Bastante tempo nas categorias anteriores, algum tempo na reserva, minutos em jogos pouco importantes, partidas resolvidas sozinho, gols importantes saindo do banco de reservas. Agora é lembrar daquela fase em que tu ouvia Natiruts: "Deixa o menino jogar". Ô iá-iá.

Aliás, sobre isso, eu já dou minha opinião: pra mim ele é segundo atacante. Aquilo que querem fazer o Alex ser. Se ainda colocassem número nos jogadores pela posição: camisa 7. Daqueles dribladores, rápidos, que entram área a dentro tabelando com o centroavante.

Esse é o ano de Taison. Lá pelo meio da temporada, espero ver o projeto de craque - e ídolo, escrevam - com a camisa titular do Internacional, ao lado de Nilmares, Alexes (?), Alecsandros, Guiñazus. E D'Alessandros, como não?

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