segunda-feira, 30 de março de 2009

A NOVA CASA DO POVO

Por Andreas Müller


Depois de quase um mês de abstinência, eis que volto a transitar pelas páginas da ala alvirrubra do Final Sports, desta vez com fôlego renovado. Não tratarei, porém, da obra-de-arte esculpida por Nilmar na grande área do Alfredo Jaconi no último sábado, nem da crescente ansiedade que me remexe as entranhas a cada vez que o relógio vira a meia-noite e faz aproximar a data derradeira do Centenário colorado. Não: nesta minha volta irei falar, pura e simplesmente, do Beira Rio.

Pois o nosso querido Gigante está, lenta e obstinadamente, se tornando aquilo que pretende ser: um estádio de Copa do Mundo. Imenso, aterrador, embasbacante como uma versão guasca do coliseu. Mas ao mesmo tempo confortável, limpo e com uns banheiros dignos de shopping-center. A transformação está apenas no início, é claro. O Beira Rio ainda precisa avançar muito para se parecer, de fato, com o que vem sendo idealizado nos croquis que cansamos de ver pela internet. De qualquer forma, é inegável que a “casa do povo” está ganhando novos ares a cada dia.

Neste fim-de-semana, por exemplo: foram-se para o beleléu as grades e arames farpados que separavam as arquibancadas do fosso e do gramado do Beira Rio – mudança que, até agora, estava restrita às sociais. Parece pouco, mas não é. Agora, quem circula pelas inferiores tem a oportunidade de vislumbrar o campo com muito mais clareza e amplitude. A sensação é de quarto arrumado: até parece que há mais espaço para se caminhar entre a cama e o armário – no caso, entre o cinza das arquibancadas e o verde resplandecente do gramado.

E não é só isso. O placar eletrônico do Beira Rio parece ter sido trocado também. Foi-se o velho painel de fliperama. Temos, agora, um telão, um verdadeiro LCD dentro da nossa segunda casa. Já imaginaram? Nilmar marca o gol do título da Sulamericana depois de uma entrevero histórico na pequena área do Estudiantes. A torcida enlouquece, chora, berra, se abraça... Mas ninguém faz a menor ideia de como aquela bola foi entrar, afinal de contas. Pois agora temos a possibilidade – vejam bem, “possibilidade” – de rever o lance ali mesmo, no meio da festa, em nosso próprio home-theater coletivo. Bastará olhar lá para cima, lá no terraço da Popular, e pronto.

O que virá pela frente? Podemos esperar muito. A cobertura do estádio, por exemplo, depende apenas da obtenção das verbas com a venda dos Eucaliptos. O projeto já passou pelo chamado “túnel de vento” há bastante tempo. O terreno já passou pelas medições e pode, sim, comportar a estrutura. Devo admitir: ainda tenho dúvidas se essa “tampa” não transformará o Beira Rio na maior estufa do mundo. Imaginem, por exemplo, um jogo às 16h de um verão tipicamente portoalegrense – tal como aquele que nos açoitava na tarde em que Renteria fez 2 a 1 sobre o Palmeiras, já na reta final do malfadado Brasileirão de 2005. Espero que nossos arquitetos pensem nisso ao projetar a cobertura...

O fato é que o Beira Rio está mudando: está se tornando uma casa digna para um clube como o Internacional. Lenta e obstinadamente. Sem arroubos, sem gritarias e choradeiras – sem se transformar na versão guasca do Extreme Makeover. A seleção brasileira, tenham certeza, estará bem hospedada na próxima quarta-feira.

Um comentário:

Cuidadoso disse...

que varzea... poderia dizer q essa merda é uma copia de outro site pelo menos.. chinelão..