sexta-feira, 3 de abril de 2009

MALEDETO CASSIAS

Por Thiago Marimon


O cara acorda Inter, almoça Inter. Dorme, Inter. Adivinha com o que sonha? Não adianta, ou outros times são mesmo cheios de defeitos. O alt+tab passa a ser o principal instrumento de trabalho. Os projetos acumulam, o futebol multiplica. Multiplica paixões, amizades, parcerias, gritos, e-mail’s, comentários, discussões, implicâncias e, primordialmente, emoções. Amanhã, 04 de abril de 2009, esse combustível multiplicador de sentimentos faz 100 anos. O ideal de um cara (abraço, Poppe), que um dia acordou com vontade de fundar um clube, entra em breve no seleto grupo dos Centenários. E nós, abençoados seguidores emotivos, teremos o privilégio indelegável de celebrá-lo. Certas coisas são para ver, certas coisas são para ler, o Inter, esse, meu caro, é para amar.

E como se comemora o centenário de seu time de futebol? Esse dublê de cronista que aqui digita não faz a mínima. As camisetas hoje, dizem, custam muito caro. Alucinados afirmam que chegam ao disparate de valer tanto quanto um salário mínimo tupiniquim, neste mundão grande sô, onde ainda há gente que morre de fome. Fome, boa idéia. Um jantar, quem sabe?! Pensando bem, melhor não. Creio que o cachorro do Rosário (saudades, Circulu’s Lanches) ainda sai por menos de duzentos mangos. Quem sabe então um relógio... não, o celular me diz as horas por muito menos. Uma medalha comemorativa da fábrica de dinheiro oficial da terra brasilis só após eu vencer o BBB. Ponderando, eu nem sou simpático mesmo. Como legítimo antipático, vou fazer a MINHA programação. Uma boa caminhada pra pensar na vida me basta. Ser consumidor no centenário não é para o meu combalido cofrinho.

Na falta de motivo melhor, aquele convite eternamente recusado para correr na redença de manhã cedo serve para arrumar a parceria:

- Amor, vamos dar uma caminhada?

-Quando? Sábado de manhã... a gente passa lá pelo Parque Marinha!

Ok?

Ok. ÓTEMO. Estava aí traçado o trajeto perfeito para perder meu cabaço em se tratando de centenário de times de futebol. Madrugar no sábado próximo, despertar a digníssima senhora e devidamente fardado com o manto que outrora cobriu Fernandão, Falcão e Figueroa, zarpar rumo à Praça Sport Club Internacional (vai que é tua, Mallet), de bandeira sobre os ombros e garrafa térmica sob o braço. Encontrar amigos, rir, conversar e dali partir em direção ao palco da maioria de minhas maiores alegrias desde que me entendo por gente. Caminhando sob o anil do antes saudoso (adiós, SP) céu de outono, no melhor lugar do mundo para se estar neste sábado, Porto Alegre. Mais tarde voltar para casa, sabedor que neste dia especial, da minha maneira, reafirmei o meu amor por esta coisa imaterial que é o SER COLORADO.

Mas o final de semana vermelho não termina aí. O regional é enfadonho. Mas as peleias são divertidas. O resultado final é conhecido. O placar não. Ir ao Gigante é sinal de vitória, resta saber de quanto. Quem sabe bater um valioso ULBRA (4x1), ou um Novo Hamburgo (4x1), quem sabe o Esportivo (6x2). Assistir alguma pintura de Nilmar, uma arrancada de Taison, ou testemunhar Índio se tornando o zagueiro com mais gols pela história colorada, ou ainda até, ver Alecsandro e/ou Liquinho confirmarem as esperanças que nutrem na torcida desde que seus pés tocaram no glorioso tapete verde da Padre Cacique. Seria apenas mais uma vitória, a classificação garantida. O final de mais um domingo com o cronômetro ligado para a inevitável contagem regressiva que se tornou a conquista da taça cof-cof, com a conseqüente, reiterada e rotineira chegada de mais uma taça para o abarrotado armário "amor de mãe" alvirrubro.

Final de semana perfeito, não é mesmo?

Seria. Olho gordo. Só pode ser olho gordo. O cara programa o final de semana com dias de antecedência, convence a esposa a caminhar no sábado de manhã, se permite até abrir a mão e desembolsar uns pilas para comprar uma cartela de selos postais alusivos ao centenário (na dúvida, caso não esteja aqui para os 200 anos) e me vem a squadra mais máscula, copeira e peleadora desses pagos, comandada pelo insubstituível entregador de coletes com nome de canal pornô, e estraga tudo? Puta sacanagem.

Maledeto Argel, maledetos 817 metros de altitude (vlw Wiki, tamo aí Maradona), maledeto Cassias. Por culpa desses gringos, meu sereno final de semana virou teste de DNA. Domingo agora é dia de reafirmar a paternidade. A supremacia. De mostrar aos incrédulos quem manda nesta terra. É dia de greNAL. A oportunidade de fechar com chave de ouro a festa do centenário, enfim... é o dia de reafirmarmos o motivo que me fez escrever - e te fez ler (obrigado, aliás) - até aqui.

E nós, mais uma vez, estaremos lá.

Parabéns, e muito obrigado, SPORT CLUB INTERNACIONAL.

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