quinta-feira, 9 de abril de 2009

MERECEMOS PERDER.

Por Marcelo Benvenutti

Tempos atrás escrevi sobre certas toucas coloradas. Com os tempos elas vem e vão. Uma morrem. Outras, sobrevivem como ervas daninhas. E não estou falando de equipes com quem o Inter joga e perde. No caso do Inter basta não vencer mais do que empatar que já vira touca. Contra o Guarani de Campinas, até antes do jogo de ontem, eram 32 jogos, 11 vitórias coloradas, 12 empates e 9 vitórias bugrinas. A última vitória colorada no Brinco de ouro tinha acontecido 20 anos atrás. Mas, sempre tem um mas, nunca foi fácil a nossa vida diante dos esmeraldinos paulistas.

Eu tinha sete anos e tomei conhecimento do Guarani. Nosso time estava no intervalo entre o bicampeonato de 75-76 e o tri invicto em 79. Capitão, Careca e Bozó. Jamais vou esquecer a linha de frente do time que nos enfiou 3x0 num Brasileirão. Esse ataque seria campeão brasileiro de 1978. Eram tempos em que o Guarani crescia e prometia tornar-se uma potência do interior brasileiro. Só prometia. Desmandos de direções malsucedidas de Betos Zinis da vida e este Guarani hoje pena voltando para a B nacional e irá sofrer na segundona paulista. Notícias vindas de Campinas dão conta que o estádio foi colocado à venda. Quase um passo para a bancarrota.

Pois foi esse clube, falido, quebrado, rebaixado, com a moral mais baixa que a bunda do Tcheco se arrastando para o vestiário, que o Inter penou para vencer hoje. Penou. E penou porque mereceu penar. Porque abdicou de jogar futebol para trocar passes laterais, dessa vez inúteis. Porque abandonou uma certa ofensividade de outras jornadas em função de sabe-se lá o que. No primeiro tempo, acuado, o Guarani permitia o Inter avançar até onde tudo se fechava e o meio de campo de última hora com Glaydson era lento e confuso. Estranho até mesmo porque boa parte das críticas feitas ao Magrão utilizam como argumento a lentidão do centurião de Heliópolis, pai do Matheus e do Pedro. Penamos.

Numa jogada de, incrível, quase ponta, Guiñazu fez o trabalho do Kleber folhagem-de-shopping-center, cruzou por cima da área e Andrezinho escorou para um sem-pulo de Taison. Golaço. Fora isso, algumas escapadas de Taison ou do Nilmar tô-precisando-de-outra-lua-de-mel-com-a-patroa. No intervalo, em que devem ter servido chá broxante com biscoito amamtegado, o Inter assistiu o Guarani avançar o meio-campo e, tentar, pressionar a defesa colorada. O clone de Romário deles errou um gol que nem Maxi Lopez e Jonas juntos errariam. Álvaro caçava borboletas enquanto o Kleber procurava saber se cobrava pedágio ou não para atravessarem a brioi (sem acento) que ele tinha inaugurado ali pela esquerda.

No final, depois de, mais uma vez, Taison resolver a partida, tal qual o Tyson original, derrubando o adversário no primeiro assalto, a defesa colorada resolveu dar uma de zaga da Suécia na semifinal de 94 e deixar o Romário de Ciudad Del Este fuzilar as redes do Lauro vem-que-tem-mas-não-sai. Era a punição pela covardia. Pela falta de originalidade. Pela lentidão. Não teve D'Alessandro, Alecsandro ou Giuliano (alguém arranja lugar pra esse cara no time) que impedisse o Píffero de poder administrar um bom público na volta, tomara que após a conquista do Gauchão. Antes disso, o Canoas, a universidade aquela lá, como é o nome mesmo?

Resumindo, respeitar o adversário é jogar para vencer. Sempre.

Hoje, merecemos "perder".

Nenhum comentário: