segunda-feira, 6 de abril de 2009

O INTER ESTÁ NA LIBERTADORES

Por Andreas Müller


Disseram que o Inter não estava participando da Libertadores da América. Que o Inter não era parâmetro para o Grêmio, já que estava alijado da maior competição futebolística do Ocidente. E que ao Inter restava, então, contentar-se com os buracos do Gauchão na reta final da taça Fábio Koff. Tudo uma rotunda bobagem, claro. A verdade é que o Inter está, sim, tendo participação decisiva na Libertadores 2009.

Reparem: ontem, no clássico que inaugurou os próximos 100 anos da nação colorada, o Inter fez mais – muito mais – do que emplacar a trocentésima vitória consecutiva contra o seu secular rival. O Inter também abalou os pilares que sustentavam a magnífica campanha do atual líder do Grupo 7 na Libertadores da América. A começar pela demissão de Celso Roth.

Celso Roth pode não ser um técnico brilhante. Mas era, sim, um dos fatores que davam consistência ao Grêmio. Mesmo com jogadores de qualidade limitada, Roth sempre conseguiu montar times compactos, de marcação quase impecável e com grande produção ofensiva – tal como no Gre-Nal deste domingo. Celso Roth era, portanto, um dos pontos fortes do Grêmio. Só não teve melhor sorte nos campeonatos que disputou por uma questão muito simples: seus jogadores eram, quase todos, medíocres.

Foi Celso Roth que fez do Grêmio o grande campeão do Brasileirão 2008. Os jogadores gremistas é que não conseguiram confirmar o título depois de sentir o peso do favoritismo. Pois Roth nunca teve culpa pelas amareladas sucessivas de Tcheco. Roth nunca teve culpa pelas bolas na trave e gols milagrosamente perdidos por Perea, Morales, Reinaldo e outros ilustres senhores. Roth nunca teve culpa pela qualidade predominantemente baixa das contratações do Grêmio. Nada disso. Roth sempre foi o contraponto dos problemas gremistas; sempre soube montar times fortes com o pouco que tinha nas mãos. Seu único pecado foi o de não fazer mágicas.

Por que falo tanto de Celso Roth numa coluna que deveria se dedicar aos assuntos e anseios colorados? Simples: porque a demissão de Roth é obra do Inter. Diria mais: é uma conquista do Inter, uma das grandes vitórias coloradas deste ano. Em três jogos, o Inter desintegrou a credibilidade do trabalho de Celso Roth. Em três jogos, o Inter fez com que um dos melhores times da Libertadores 2009 perdesse seu grande – e talvez único – ponto de referência.

Graças ao Inter, o Grêmio chegará às oitavas-de-final da Libertadores em plena reestruturação. Um novo técnico terá de assumir o grupo tricolor, conhecê-lo e conquistar sua confiança e lealdade enquanto o calendário da Conmebol avança. Não conheço nenhum técnico – além de Felipão, talvez – que seja capaz de realizar essa missão em tempo tão curto. A chance de errar e desperdiçar a chance do tri é muito grande. Isso sem contar as tensões de vestiário, a desconfiança da torcida, o ceticismo da imprensa...

Tudo por causa do Inter e essa maldita mania de permitir que Índio suba ao ataque.

O Inter, como se vê, está na Libertadores.

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