terça-feira, 14 de abril de 2009

PENINHA, O ADORÁVEL NEOBAGUAL.

Por Daniel Ricci Araújo


No último sábado, o lúcido Wianey Carlet (do qual, somando e diminuindo, mais concordo que discordo), publicou afável nota de desagravo em relação a Eduardo Bueno, um inteligente, inofensivo e caricato símbolo da cultura pop geraldina gremista, condenado que fora este a ressarcir Carlos Simon por motivo de uma ação judicial.

Peninha, o adorável neobagual tricolor, mesmo que não queira tornou-se um referente da raiva adolescente gremista. Servindo de paladino ao sentimento do radicalismo geraldino que via na Era Felipão algo para sempre, seus dizeres e obras nada mais são do que um dos berços nos quais dorme a ideologia gremista do século XXI: ressentimento calculado, verborragia, imitações do Boca Juniors e derrotas a rodo. Enquanto mais jogos o Grêmio perde, mais os Peninhas bradam à turba, e mais ela escuta e repete esses ditos.

Ontem, David Coimbra pulicou em seu blog a resposta do adorável neobagual aos elogios recebidos no sábado. Como a carranca geraldina nada mais faz do que nos brindar com um tremendo bom humor, achei razoável comentar a missiva em questão, quase certo de que os amigos concordarão com meus termos. Abre aspas, fala um profeta da Geral:

1) Não chamei Carlos Simon de “ladrão”. De qualquer sorte, independentemente da decisão da juíza, posso assegurar que essa é a opinião de 99,9% da torcida do Grêmio e que processo algum irá modificá-la. Pode abrir votação.

Ora, sem querer defender o sr. Simon, mas não devemos nos guiar por uma superioridade de opinião tão avassaladora. Não tenho quaisquer dúvidas de que esse percentual de gremistas também continua achando que a Terra é composta de dois continentes e o Hamburgo é time grande, ou seja: o que 99,9% da torcida do Grêmio acha nem sempre é parâmetro para alguma coisa.

2) Não disse que “a paixão envolvida permite visões distorcidamente parciais”. Foram meus advogados que disseram.

Não querendo parecer intrometido, mas geraldino de estirpe não deixa os outros falarem por ele (só o David Coimbra) e quando diz algo, diz em espanhol, para que não pairem dúvidas!

3) (...) me inspirou para escrever o livro “Os erros de Carlos Simon”, que será lançado em breve com a disposição altruísta de que a rememoração do extenso rol de suas falhas o leve aprimorar-se em sua profissão”.

Sensibilizados com tamanha dedicação do autor a essa causa, pensamos já igualmente em brindar o mercado editorial com outra obra: “Choro em azul, preto e branco: o Grêmio e as arbitragens”, livro que demandaria pesquisa infinitamente mais extensa se comparada à do autor e, ainda, caso desse ao seu comprador, de brinde, uma caixa de lenços para enxugar tantas lágrimas, certamente teria o obscuro condão de desmatar a Floresta Amazônica inteira - porque, convenhamos, haja celulose para tanto papel.

4) Descobri que Ricardo Teixeira e a Comissão de Arbitragem da CBF — que eu desconhecia serem letrados — leram meu livro Grêmio: Nada pode ser maior. Como costumo tratar bem meus leitores, vou enviar-lhes um exemplar da nova obra.

Pedimos encarecidamente que oportunize em conjunto, pelo bem da arbitragem nacional, dois adendos técnicos muito úteis à obra. O primeiro deles, “Como fazer um gol em Gre-Nal dominando a bola com o pulso”, de autoria do outrora endeusado Ronaldinho Gaúcho. O outro, baseado em fatos há pouco ocorridos, é de ninguém menos do que André Krieger e aspones, com apresentação e benção espiritual de Paulo Sant'Anna: “Como reclamar de um gol anulado num Gre-Nal fazendo de conta que meu zagueiro não deveria ter ido para a rua antes”: sim, o título é desaconselhavelmente longo, mas o ensinamento, acreditamos, continuará servindo às linhagens de dirigentes tricolores por eras e eras.

5) (...) o caso me inspirou a criar um site, errosdesimon.com. aberto a atualizações do público em geral, já que o livro não conseguirá acompanhar a rapidez com que o panorama se modifica.

Inspirados por tal iniciativa, pensamos em fundar, para consulta pública, um outro utilíssimo sítio de Internet: mortesdoimortal.com. Ora, nem Ele, o Iluminado, o Juiz dos Juízes consegue entender a existência de algo ou alguém que morre repetidas vezes, quando não uma vez a cada fim de semana e, mesmo assim, continua chamando a si mesmo de imortal - Seu próprio filho, quando esteve na Terra, morreu uma vez só, e a muito custo! Assim, o referido banco de dados, que também estaria aberto a atualizações do público poderia catalogar o número de homicídios futebolísticos perpetrados contra a mesma vítima para que se possa, ao fim e ao cabo, fornecer à já estupefata Divina Providência elementos para seu melhor esclarecimento celestial quanto à árdua questão em pauta.

6) (...) venho lançar de público, através de tua prestigiosa coluna, um desafio: ele escreve um livro e eu apito um Grenal e veremos quem erra menos.

Ora, seria fácil ao referido árbitro vencer tal contenda. Bastaria escrever um livro de uma página só, com uma foto do adorável neobagual e a seguinte frase: “Para parecer com um argentino, como faço?”. Pronto, aí está um livro perfeito e tecnicamente irretocável, com uma pergunta procedente e um acabamento gráfico adequado: desafio ganho.

7) (...) porque tal processo com certeza unirá nossas trajetórias profissionais por um bom tempo e haverá de servir de estímulo para nos aprimorarmos no exercício de nossas atividades — levando mais longe o nome do Rio Grande.

Peninha, não nos leve a mal, mas quando o assunto é levar mais longe o nome do Rio Grande, a experiência mostra claramente a melhor saída: deixe isso para o Inter. Porque vamos e venhamos: com teu “know-how” clubístico, chegarias no máximo ao Bairro dos Aflitos.

E olhe lá.

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