sábado, 2 de maio de 2009

FERNANDÕES E PORTALUPPIS.

Por Raphael Castro


Vendo o Inter jogar nos últimos tempos me veio à mente a seguinte ideia: é possível, sim, traçar uma espécie de “linha divisória” na forma de encarar o futebol no RS; “bidu”, diriam os mais chatos, “todo mundo já sabe disso”. Mas não, estimados(as) leitores(as), agora é diferente. Primeiro porque se trata mesmo de reconhecer autênticas “culturas” (veremos mais sobre isso em seguida); em segundo lugar, porque o Inter parece ter retomado um caminho que jamais lhe deveria ter sido surrupiado na década de 90 (há quem fale em “década perdida”: eu falo em “década maldita” - mas deixemos isso para outra vez). Vejamos então...

Desenvolvendo

Como desgraçadamente sabido, o meio dos anos 80 até o início dos anos 2000, salvo por alguns pequenos espasmos, não é exatamente coisa para se lembrar em círculos minimamente educados. Qualquer colorado por volta dos 30 anos (ou até levemente acima, como este que vos fala) é capaz de atestar isto às carradas. A carestia medonha que experimentamos gerou pelo menos dois efeitos altamente perversos: a proliferação indiscriminada de certas ervas daninhas (até normal num ambiente tão polarizado quanto o Sul) e – o que é muito pior – a descrença numa forma de jogar futebol que, mesmo vitoriosa no passado, foi esmagada à base de botinaços, chutões e muita, mas muita, grossura: antes marca registrada do Internacional, o futebol bem jogado, bonito, plástico, foi estigmatizado como perdedor e pouco competitivo, em razão de administrações não exatamente auspiciosas; ou seja, os gabinetes soterraram a bola, e o “jogo bonito” do Inter pagou o pato por fatos que nada tinham a ver com os gramados, mas que, neles tinham efeitos altamente indesejáveis (ainda que, a rigor, apenas indiretos).

Enquanto isso...

O diabo é que nesse mesmo período o “futebol karateca” parecia mostrar o caminho: os mais fervorosos diziam, como num mantra, “não existe futebol feio, feio é não ganhar”; ok, vá lá, talvez até haja alguma verdade nisso. Só que uma coisa não quer dizer necessariamente a outra, e é aí que peca, horrivelmente, quem diga ou louve o contrário: advogando uma certa amoralidade no jogo – afinal, a vitória se elevou a fim em si própria -, os defensores do tal futebol-força esquecem que é possível, sim, “endurecer sem perder a ternura”. A “argentinização” preconizada por seus valores (a má, da “mano de Diós”, não a boa, de “La Bobas” e “Cholos” por aí) indica que fariam tudo, absolutamente tudo, para ganhar uma partida (pois “feio é não ganhar”, lembram?). Mas, se o futebol às vezes é metáfora da vida, caberia então pensarmos nos caminhos escolhidos para alcançarmos os nossos objetivos. Cada um na sua, né...

Chegamos

Portanto, quando vejo o Inter tomando bordoada de um time de coitados, por absoluta falta de recurso do adversário (como este do Recife), lembro como é bom jogar sério, com raça, mas sendo leal, digno, e respeitando o adversário; em suma, como é bom ganhar jogando bonito, caros(as) leitores(as): e jogar bonito é pra quem pode, não pra quem despreza o futebol para priorizar a “vitória” (certamente desconhecendo o que “vitória” efetivamente significa). E se isto implica perder ocasionalmente, então que seja, é do esporte. Só não me venham dizer que é preciso sacrificar princípios, valores e concepções de futebol para ser vencedor. Esta é uma crença pequena, medíocre, nunca foi a cara do Inter; por isso digo que, animicamente, nós, colorados, somos todos uns “Fernandões”, e os outros...bem...os outros são apenas os outros, certo? (como diria o meu justo, honesto, correto e benfeitor, avô, S.Assis P.Ererê, “ ‘malevo’, pra mim, é nome de cachorro...”).

Tópicas: por exemplo...

Para bem ilustrar o que foi dito acima: um esmerilhava trava de chuteira; o outro é só o Guiñazu. Acho que deu pra entender...

Tópicas 2: cada um no seu quadrado

Jogos, pra quem sabe de verdade, não são nunca “batalhas”: são apenas jogos...

Bem, caros leitores, por enquanto é só isso – e ponto final.

Fui (e não a pé).

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