quarta-feira, 13 de maio de 2009

GANHAR JOGANDO MAL.

Por Gustavo Foster

Não falarei (muito) sobre o gol do Nilmar. Tudo que havia para ser dito jamais o será: o que melhor retrata a obra que foram aqueles 11 segundos é o silêncio. Silêncio de contemplação e felicidade por estar vivo e presente no momento em que aqueles 11 segundos aconteceram. Vamos ao jogo.

Soado o apito de fim de jogo (e até mesmo antes, por parte dos apressadinhos), deu-se início um coro de críticas ao time do Inter. Que não havia jogado no seu estilo, que não havia demonstrado o mesmo futebol de antes, que não apresentara em D’Alessandro e Taison nenhuma arma potente e que se sagrou vitorioso graças apenas a um estouro de genialidade por parte do "menino do gol brilhante" (Gallagher, Noel).

Pois bem: alguns podem ver tais fatores como negativos. Demonstrando talvez um otimismo impressionante, talvez um realismo professoral, vejo com bons olhos todos os fatores acima listados. E explico: todas as dificuldades que foram apresentadas pelo Inter no Pacaembu (e, sim, elas existiram) são anormais, exclusivas, esporádicas, bissextas. Em resumo: analisando o ano, do seu início até o jogo contra o Corinthians, veremos que D’Alessandro não jogar bem, Taison não chutar a gol, o Inter não conseguir ter a posse da bola e sofrer com investidas recorrentes, não conseguindo manter o jogo no campo adversário, são fatos que podem ser configurados como exceção.

Outra análise importante a ser feita: jogamos contra um dos 5 melhores times do campeonato. Tire-se Cruzeiro, Palmeiras, Grêmio, São Paulo e talvez algum outro, não há ninguém que possa atestar ter um time melhor que o de Mano Menezes. Era o titular? Sim. Mas garanto que a CBF não leva isso em conta: ganhamos do Corinthians fora de casa. Em tese (expressão imbecil, que jamais deveria ser utilizada no futebol, pois nunca se transforma em realidade, mas segue...), teremos, no máximo, 10 jogos mais difíceis que este.

Resumindo meu raciocínio, que vem desde o início do texto: jogar mal é uma exceção para D’Alessandro, Taison e para o Inter em geral. Mesmo assim, em um dia "abaixo do esperado", ganhamos um dos dez jogos mais difíceis que temos pela frente. O importante para ser campeão é isso. Sendo melhor que o adversário, ganhar é fácil. O importante é, mesmo no dia em que nada dá certo, vencer. Os três pontos de um jogo ruim são os mesmos três pontos de uma goleada histórica.

No mais, concordo que se deve exigir mais dos jogadores. O Inter, já vimos, pode jogar muito mais do que jogou no domingo. E, jogando o que sabe, vai longe. Começamos bem, mas temos que nos lembrar que ganhamos tudo que ganhamos com um futebol bem jogado, no campo do adversário. Não é todo dia que o Nilmar vai resolver decretar estado de calamidade pública na região Sudeste do Brasil.

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