quarta-feira, 20 de maio de 2009

HÁ UM ÍDOLO NO BEIRA-RIO.

Por Gustavo Foster


Figueroa, Falcão, Tinga, Valdomiro, Mahicon Librelato, Claudiomiro. Fernandão. Nomes como estes, por si só, estampam na cara de qualquer colorado um sorriso. Por lembrarem fatos marcantes, atuações memoráveis, títulos sagrados. E desde o último, Fernandão, o Inter procurava um destes. Alguém que empreste sua figura à entitade Internacional e, num fenônemo só visto no futebol, torne-se figura única e representativa da camisa que veste.

E com Fernandão podia-se (ou pode-se) ver isso. Impossível pensar no camisa 9 e não projetar um fardamento vermelho em seu corpo, 10 homens trabalhando para a sua glória e uma taça em suas mãos. Jogue ele onde quiser, passe o tempo que passar, Fernandão e Inter formam um só símbolo, eterno.

E, neste domingo, o nenhum texto conseguirá trasncrever. Só quem levantou-se do concreto, vibrou e gritou sabe o que aconteceu: Guiñazu foi eternizado como personagem atemporal da história colorada. À metade do segundo tempo, quando chamado por Tite, provavelmente o argentino não pôde ouvir qualquer instrução de seu comandante. O único som possível naquele instante inacabável eram urros descompassados, mas com uma única finalidade: reverência.

E é essa a palavra que (insuficientemente) explica o que ocorre entra a massa vermelha que habita o Beira-Rio e aquele argentino de cavanhaque: reverência. Há jogadores que possuem melhor habilidade, há quem faça mais gols, há até quem seja mais imprescindível na equipe que o camisa 5. Mas ninguém – NINGUÉM – possui algo perto do que Pablo Horacio Guiñazu tem em relação ao Inter.

Respeito, para mim, é o que aproxima tanto o volante da torcida. Guina mostra respeito pelo Inter. Se há alguma chance de que algo beneficie o Inter, Guiñazu o fará. Vontade, raça, entrega são fraquíssimas expressões perto dos carrinhos, das divididas, das investidas à frente, dos passes, da excelência com que o jogador atua.

Quando Guiñazu entra em campo, é impossível não perceber que futebol é mais que um esporte, mais que uma profissão, mais que diversão. Para o argentino, a bola correndo à linha de fundo é uma criança que caminha em direção ao trilho do trem; o jogador adversário (obviamente já marcado pelo zagueiro encarregado da função) é o inimigo de guerra em direção ao QG. O gol é a mulher amada. O gramado é a pátria. Os pés são o coração: a torcida é só uma pessoa. Para Guiñazu, a mais importante do mundo.

Ao menos naqueles 90 minutos.

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