terça-feira, 5 de maio de 2009

SORONDO ESTÁ DE PÉ.

Por Daniel Ricci Araújo


Ora, convenhamos: o escore de Inter x Figueirense, no último sábado, importava tanto quanto a salada de rabanete servida junto ao churrasco – se é que alguém serve salada de rabanete com o churrasco nosso de cada domingo. Todos nós, colorados e coloradas, fomos para a frente da televisão não tanto para assistir ao jogo, mas sim para prestigiar Sorondo, ele, o zagueiro redivivo das mil e uma lesões.

Já se mostrava o sinal da televisão e ia o Inter a campo com sua indisfarçável camisa dourada. Do nada, vagarosamente, costas largas e trote pesado, surgem as melenas do insigne charrua a balançar com as lufadas de vento do Orlando Scarpelli. Lá está ele, Sorondo, pronto para o jogo depois de nove meses de uma sofrida e vagarosa recuperação.

Imagine-se a ironia: há coisa de dois anos, fora exatamente contra esse mesmo adversário que o uruguaio mostrara, pela primeira vez, todo o repertório de seu potencial. O time catarinense jogava bolas na área colorada a esmo e, em cada uma dela, aparecia a cabeçada providencial do grande zagueiro para, com classe e banca, iniciar o molde de um novo ídolo, mesmo que a admiração tenha sido breve. E assim foi, lamentavelmente: enquanto mais Sorondo crescia no respeito da torcida, mais próxima estava a derradeira lesão que causaria o início de seu último martírio.

Mas isso passou. E como vemos agora, Sorondo está de pé. Ainda sem ritmo, ainda lento e descompassado, mas com os olhos brilhando de vontade de jogar, entusiasmado, candidatando-se para estar nos jogos como uma criança eufórica pede mais uma colherada do almoço de domingo. Sorondo voltou, isso é fato: a derrota do sábado não teve o condão de apagar a melhor notícia do fim de semana colorado.

Tendo em vista que Álvaro ainda não repetiu, em 2009, o futebol de 2008, uma posição da defesa pode estar em aberto. E assim sendo, Sorondo é candidato sim ou sim, número um e mais um pouco à titularidade. No melhor de sua forma e ao lado do grande Índio, que zaga melhor poderíamos pedir? Eu afirmo: nenhuma. O uruguaio complementaria, pelo alto, a pouca estatura de Índio – que, registre-se, caso cabeceasse na nossa área o que cabeceia na dos outros, era o maior zagueiro da história do clube, vamos e venhamos.

Meus caros, a notícia do fim de semana não poderia ter sido melhor. O uruguaio voltou. Nossa equipe é um projeto de grande time e precisa ainda, verdade seja dita, de dois ou três retoques. O primeiro deles ensaiou seus passos de retorno no gramado do Figueirense, e de agora em diante a tendência é cada vez melhorar mais. Não há grande time que não comece por um grande zagueiro. Se tivermos dois, é um passo a mais rumo às taças. Por isso, a derrota não teve o menor significado.

O mais importante de tudo é que Sorondo está de pé.

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