terça-feira, 16 de junho de 2009

96 mil sócios X 56 mil lugares.

Por Thiago Marimon


Chegamos ao limite do aceitável. Prestes a alcançarmos o almejado e simbólico número de CEM MIL SÓCIOS, vivemos hoje um problema. Um BOM PROBLEMA, é bem verdade, mas que nem por isso deixa de carecer uma solução.

Grandes jogos no Beira Rio já viraram rotina, e, sempre que eles acontecem, o assunto delicado e recorrente da falta de lugar para todos vem novamente à tona. O caderno de obras apresentado pelo clube para a Copa do Mundo 2014 prevê, entre diversas outras modificações, uma expansão da arquibancada inferior sobre onde hoje está a saudosa coréia, resultando em uma desejável aproximação da torcida ao campo e um acréscimo de cerca de quatro mil lugares, sendo a lotação máxima do Gigante, após reformado, de SESSENTA MIL torcedores, confortavelmente acomodados. Entretanto, com o crescente número de sócios, nem se tivéssemos cem mil lugares seria suficiente para a massa vermelha, cada vez mais acostumada às grandes decisões. Além disso, o estádio, como sabemos, lota em no máximo quatro ou cinco jogos ao ano, e isso não é exclusividade colorada, conforme aponta a média de público dos times da primeira divisão no campeonato brasileiro de 2008, que foi de aproximadamente dezessete mil torcedores. A do Inter, um pouco maior, dezoito mil. Portanto, mesmo que o time chegue, a todo o momento, à decisões, aumentar o número de lugares no estádio não é a solução mais apropriada. Acredito, portanto, que o mais inteligente seria usar de forma racional o espaço existente. Se não vejamos:

Contamos hoje com cerca de QUARENTA E DOIS mil sócios da modalidade antiga, os chamados carteira vermelha, com acesso garantido nos jogos desde que com a mensalidade em dia. E, conforme os últimos números apresentados pelo clube, aproximadamente CINQÜENTA E QUATRO mil sócios campeões do mundo, a modalidade nova, os carteiras brancas, que necessitam comprar ingresso. Ontem, conforme divulgado pelo clube, foram colocados à venda doze mil ingressos para os sócios carteira branca. Para chegar nesse número o clube valeu-se do mesmo artifício de outras oportunidades, qual seja, a ESTIMATIVA. Estima-se o número de sócios carteira vermelha, com acesso garantido, que comparecerão ao estádio, com base na média dos últimos jogos. E, com este número em mãos, calcula-se a quantidade restante para os demais sócios da modalidade nova e, quando sobram ingressos (que não foi o caso de ontem, nem da final da Sulamericana do ano passado), para os não sócios.

Não me atrevo a discutir a sustentabilidade financeira dos sócios da modalidade antiga, uma vez que estes não geram receita ao clube através da venda de ingressos. Não discuto isso por dois motivos. O primeiro deles é o simples desconhecimento das receitas do clube. O segundo, é que, estes sócios engordam a receita do clube desde as épocas de vacas não tão gordas, e, portanto merecem respeito e gratidão.

Porém, este modo usado pelo clube, a estimativa, eu discuto, e com gosto, pois esta já se mostrou, há algum tempo, INEFICIENTE. Seja pela simples imprecisão dos números, leia-se margem de erro, ou C.C. (coeficiente de cagaço), como costumeiramente usamos na engenharia, seja pela fragilidade desta frente às intempéries. O clima, este rapaz muy sensível, fez com que, em mais de uma oportunidade, houvesse clarões em jogos decisivos. Por exemplo, foi o que aconteceu no último clássico greNAL, onde a lotação estava esgotada, mas notava-se facilmente diversos lugares vazios no estádio, em razão de uma chuva de última hora que fez com que diversos torcedores desistissem de ir ao Gigante para assistirem o jogo no conforto de seus lares, “furando a estimativa da direção”. Até aí tudo bem, cada um tem seus motivos e sabe o local que acha mais adequado para acompanhar os jogos. O que não pode acontecer é essas pessoas, que decidem assistir as peleias em casa, impossibilitarem que aqueles sedentos por uma visita ao Gigante, compareçam ao estádio.

E aqui entramos numa seara deveras delicada. Não me odeiem.

Defendo o fim da imprecisa estimativa. Sustento que os sócios da modalidade antiga CONFIRMEM sua presença (ou ausência, o que for mais viável) no estádio. Minha sugestão, nada inédita, é de que, os sócios com acesso garantido entrem em contato com o clube, até às 23:59h da véspera dos jogos, seja via SMS, E-mail, Telefone ou “in loco” e digam se estarão lá no dia seguinte. Com o número de presentes em mãos, o clube colocaria à venda, a partir da manhã do dia do jogo, os ingressos restantes, e destinaria um percentual da receita adquirida aos sócios carteira vermelha que cedessem seu lugar no estádio. Seja através de descontos na mensalidade, seja através de regalias diversas. Algum tipo de “punição” àqueles que embora confirmados não comparecerem também poderia ser estudada, muito embora, concordo que oferecer vantagem seja muito mais simpático com o torcedor do que aplicar punições. Esta minha sugestão simplória está sujeita às mais diversas melhorias, porém, se faz necessária uma mudança, seja qual for. E, ao que tudo indica, algo próximo à esta solução acima será adotado pelo clube a partir do 2010. E aí começa o impasse.

Os sócios da modalidade antiga, além de defenderem que estão no quadro social há mais tempo, apelam rotineiramente ao que julgam ser seu DIREITO ADQUIRIDO*. Podendo, desta forma, decidir, conforme sua conveniência, se vão ou não ao jogo, mesmo que esta decisão aconteça cinco minutos antes do início da peleia. Porém, uma rápida lida no CONTRATO** de sócio mostra que os direitos, resumidamente, são os seguintes:

- O direito de votar e ser votado, após o lapso temporal estipulado em contrato;

- Direito de acesso ao estádio (ou de preferência na compra frente ao torcedor “comum”, no caso da carteira branca);

- Direito de participar das promoções do clube (placar eletrônico no intervalo, rede de descontos e afins).

Encerra-se aqui o aclamado DIREITO ADQUIRIDO. E vale lembrar que todos os direitos citados acima, exigem, em contrapartida, o pagamento, em dia, das mensalidades estipuladas. Logo, todo e qualquer argumento sobre a impossibilidade contratual de exigir a confirmação de presença cai por terra. Sendo possível inclusive que o clube aumente a mensalidade de forma a tornar sustentável a manutenção desta modalidade de sócios (uma vez que o contrato nada versa sobre esta questão), o que duvido que seja feito.

Vale lembrar que todos, sócios antigos, novos, não sócios, “cadeirantes” e quetais, são torcedores do Inter da mesma forma. Portanto, creio que não deveria ser necessária esta discussão para que alguém tivesse o direito de assistir os jogos no estádio e lotar o Gigante em dia de festa. Toavia, quando a discussão entra no campo do direito individual, seja de colorados, gremistas, palmeirenses ou xavantes, nota-se claramente que, infelizmente, a discussão muda de rumo, e cada um quer puxar a brasa para o seu assado. Esquecem que quadro social não pode e não vai parar de crescer, e que a receita mensal que ingressa no clube através deste é responsável pelo momento do time, e só tende a melhorar.

Carecemos somente de acertos pontuais, embora polêmicos. E eles virão. E um bocado a mais de boa vontade, e um pouquinho a menos de egoísmo, facilitarão bastante as coisas. Certamente todos queremos a mesma coisa, um Inter cada vez maior.

No más, venceremos por 2x1 amanhã, e dia primeiro de julho*** teremos uma noite histórica no Gigante, o dia da desforra, dia de título.

Saudações Coloradas...

* Embora bacharel em direito, o que paga meu salário é minha atividade profissional como desenhista projetista. Portanto, se falei alguma bobagem, que algum advogado DE VERDADE, me socorra.

** O contrato em tese é o de sócio campeão do mundo. Minha modalidade. Não tive acesso ao contrato de sócio “modalidade antiga”, mas me atrevo a dizer que o contrato não é diferente. Caso alguém tenha uma informação diferente da minha, por favor, me corrija.

*** Antes de ser acusado de recalque, ou algo parecido com o que li ontem nos mais variados locais, afirmo que meu ingresso está garantido, ou seja, a falta de ingresso não é a motivação deste texto, e sim a forma como está sendo feita a distribuição.

Um comentário:

Anônimo disse...

THIAGO: MEU NOME É LUIZ GUSTAVO PIRES E SOU SÓCIO DA MODALIDADE ANTIGA, DESDE 2003. CONTRIBUO MENSALMENTE, EU E MINHA ESPOSA, PAGANDO A QUANTIA DE r$ 110,00. NORMALMENTE, JUNTOS, MAIS MEU FILHO DE 11 ANOS, QUE É SÓCIO NA MODALIDADE NOVA (PAGA R$ 22,00), MESMO NÃO NECESSITANDO PAGAR NADA, HAJA VISTA SER MENOR DE 12 ANOS; VAMOS AO BEIRA-RIO VER OS JOGOS DO COLORADO. ESTE ANO, AINDA NÃO PUDE IR A JOGO ALGUM, POR MOTIVO DE DOENÇA, MAS ASSIM QUE ME RESTABELECER VOLTAREI. CONCORDO COM SUAS ALEGAÇÕES, ACHO QUE ESTÁ NA HORA DA DIREÇÃO REVER OS PLANOS DE SÓCIOS DO INTER. NÃO EXISTE ESSA DE DIREITO ADQUIRIDO, POIS DA MESMA FORMA QUE NÓS SÓCIOS TEMOS DIREITOS JUNTO AO CLUBE, TAMBÉM TEMOS DEVERES, E ISTO FAZ PARTE DO CONTRATO. CONCORDO PLENAMENTE CONTIGO COM A VENDA DOS INGRESSOS DOS SÓCIOS QUE NÃO IRÃO AO ESTÁDIO. TAMBÉM, PENSO, QUE A DIREÇÃO PODERIA REVER A REFORMA DO ESTÁDIO E INCLUIR AÍ, UMA AMPLIAÇÃO. CLARO QUE A CAPACIDADE IRÁ AUMENTAR PARA 60000 MIL, MAS É POUCO. ACHO QUE DEVERIA HAVER NO MÍNIMO 75000 MIL LUGARES NO BEIRA-RIO. CERTAMENTE RESOLVERIA GRANDE PARTE DOS PROBLEMAS OCORRIDOS EM GRANDES JOGOS. CONSTRUIR UM TERCEIRO ANEL, OU AMPLIAR AS ARQUIBANCADAS ATRÁS DAS GOLEIRAS, PODERIA RESOLVER. DO LADO DA APDRE CACIQUE, POR FALTA DE ESPAÇO NÃO É POSSÍVEL A CONSTRUÇÃO DE UM TERCEIRO ANEL, MAS É POSSÍVEL A CONSTRUÇÃO DE CAMAROTES TIPO "LA BOMBONERA". DO OUTRO LADO O TERCEIRO ANEL EM FORMA DE FERRADURA. DEPOIS A COBERTURA PREVISTA. NO MAIS, É CLARO QUE VENCEREMOS, COMO EU NÃO SEI. SÓ SEI QUE VENCEREMOS A COPA DO BRASIL. ATÉ MAIS...