domingo, 12 de julho de 2009

O fim de qualquer coisa.

Por Raphael Castro


Tenho para mim que as pessoas costumam ser inertes em qualquer dimensão de suas vidas. Por exemplo, é assim no trabalho. No namoro. No casamento. Vemos que é difícil a adaptação a qualquer mudança, especialmente quando nos damos conta de que elas, as mudanças, não costumam dar pisca-alerta ou deixar recado para acontecerem. Digo isso, entre outras coisas, porque na semana passada tive um problema técnico (lembram do “boot” da outra coluna? Pois é...) e não consegui mandar o texto que seria publicado. Mas o incrível, e aqui valido a minha tese ali de cima, é que o dito naquele texto valeria integralmente hoje também (somos mesmo uns indolentes irremediáveis quando se trata de dar um jeito na vida...).

Dizia eu...

Pensei, logo após aquela inqualificável finalíssima da Copa Enjeitada, que o time tinha se deixado levar por essa maldita relação “freudiana” que estamos criando com o Corinthians (sim, pois basta vê-los pela frente que só pensamos “naquilo”...); ao contrário de muitos, que viram vontade em campo, não percebi ali nada além de um nervosismo mais adequado a times juvenis. Concluí, então, que não apenas o time se derretia a olho nu, também o fizeram a direção - com o tal do dossiê -, e o técnico (que dava uma impressão um tanto aparvalhada, perdida, e, claro, inerte, na casamata). Bom, o diagnóstico, óbvio, é esse. Seria necessário investigar o(s) porquê(s)...

Seguimos

Agora só se fala em “declínio assustador”, “lomba abaixo”, “crise técnica”, “queda vertiginosa” e quejandos. Pois eu acho que “vertiginosa” é a cara de pau de quem pretende me convencer de que o time simplesmente “desaprendeu”, que o motivo para a atual situação é, apenas, “técnico” ou “tático”. Alto lá: também é; mas não pode ser só. Então tudo dava certo antes com essa forma de jogar, e agora só o que vemos é esse futebolzinho molusco? Então o time ganhou na unha a vaga do Flamengo para as semis da Copa Esotérica e ali tudo já estava errado? Então seguramos o Coxa babando sangue no Couto Pereira e já éramos um time coloidal como agora? Não, não aceito, de jeito nenhum; quem quiser comprar isso pelo valor de face, esteja à vontade, e faça também lista de Natal e deixe dente embaixo do travesseiro. Comigo não cola...

Racional (?)

Ok, admitamos a dificuldade contra times maiores - de resto, já amplamente antecipada por qualquer samambaia que acompanhe e goste de futebol: o que eu quero dizer é que a grande diferença de antes e de agora é...ALMA! Eu sei, nem sempre só a vontade compensa (até porque, se o problema de um clube fosse só “alma”, o time do centro espírita não perdia uma). Mas vejamos: é possível encontrar por aí trocentas dúzias de palpites ao menos interessantes sobre a escalação do time e sobre a postura certa num jogo decisivo. Acho então IM-POS-SÍ-VEL que quem conviva com os caras todo santo dia não saiba quem está melhor, quem poderia render mais em determinada situação, ou, pasmem, o que fazer para mudar um jogo quando a picanha pinga sangue. Nem que seja para fazer como Abel, o Insano, botando 19 atacantes para tentar virar um jogo (bem, mas pelo menos isso ele fazia!). Agora não: assistimos a este futebolzinho enrodilhado, constipado, inexplicável, essa...essa...“crise técnica”! Fala sério...é evidente que isso tem que ter uma razão minimamente plausível – e certamente tem...

A real

Então eu vou cravar: é óbvio que o futebol do Inter não se escafedeu, simplesmente; é óbvio que o treinador não é um bobalhão sem recurso e sem estofo; é óbvio que o esquema precisa ser melhorado; é óbvio que todos sabem o que pode ser feito para voltarmos às boas; é óbvio que essa imobilidade não é ocasional, nem inexplicável; é óbvio que a nossa lateral direita está uma avenida; e é óbvio que tem mais coisa acontecendo no Beira-Rio do que nós sabemos (como diria o meu churrasqueiro, culinário, assador e comilão avô, S.Assis P.Ererê “costela de porco, gosto de porco, gordura de porco...não pode ser fraldinha, né?”).

No more

Resta então esperarmos que não se conformem à modorra neste momento o time, a direção, o técnico, enfim, que não sigam o instinto natural de permanecer confirmando o axioma das avestruzes, segundo o qual, numa crise, nada melhor que um buraquinho (sem trocadalhos, por favor...). O fim anda, assim como a fila deve fazer, caros(as) leitores(as)...

Tópicas: raça (?)

Não faço apologia à violência, mas então o André Santos me levanta o D’Alessandro do chão aos três minutos de jogo em pleno Beira-Rio e ninguém faz nada? Mas pelo menos teve vontade, não é mesmo? (suspiro...).

Tópicas 2: cassandra

Disse e repito: ainda que tenhamos perdido para o Coritiba e passado pelo Flamengo com as calças na mão, pelo menos então havia GARRA - reparem que esta fase medonha começou logo após a derrota para em SP, quando foi unânime a boa atuação e...quando Muricy caiu no São Paulo...será que qualquer “semelhança” terá sido mera “coincidência” neste caso?

Tópicas 3: no “vermelho”

De três competições obrigatórias (pois tem também essa “Copa Mala Sem Alça” no Japão), já se foram duas (CB e Recopa). Já tão devendo...

Tópicas 4: eras

Será que passaremos da “Era Adenor” para “Já era, Adenor”?

Tópicas 5: piadinha

Ótima ideia, também vou lançar uma camiseta: “no máximo quarto lugar de tudo...”

Bem, caros leitores, por enquanto é só isso – e ponto final.

Fui (e não a pé).

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