quarta-feira, 29 de julho de 2009

A réstia.

Por Gustavo Foster


Não acredito em sacudida no vestiário, não acredito em ponto de equilíbrio, não acredito em manutenção da comissão técnica. Não acredito em nada. Acho que, desde o início, desde a raiz, a ideia da direção está errada. O problema está em X, as soluções propostas apontam para Y. A cada declaração, a cada reportagem, a cada entrevista, minhas perspectivas afundam.

Tudo o que estava certo está morto e enterrado. Já era. O problema não é Bolívar, não é a dupla de zaga, não é a saída de Nilmar. Nossos problemas não estão nas substituições erradas de Tite, nem nos gols salvadores de Leandrão. (E muito menos, convenhamos, em D’Alessandro). Nossa crise é técnica, sim. Mas é muito mais anímica. Obviamente há algo de podre no reino de Fernando Carvalho. Reino este que mora, claramente, na barriga de dois ou três. Ou um.

Trocar peças de um jogo estragado não vai mudar em nada. Não são os peões os culpados, se jogam em um tabuleiro estragado. E é isso que joga quase toda a esperança de um futuro promissor para o fundo. É esse cenário que parece mostrar que tudo, até maio, era ilusão de ótica, fantasia, mágica. Ou, simplesmente, estávamos jogando contra adversários inferiores, sem brigas no vestiário e com os jogadores flutuando, de tão leve que se apresentava o ar na beira do rio. Mas Deus escreve certo por linhas tortas. E é aí que mora a minha réstia de esperança, o último fio da corda em que me agarro para tentar acreditar em um final de ano bom.

O sistema tático está errado, a punição de D’Alessandro é absurda, Kleber não deve ser o quarto zagueiro colorado, mas todos esses fatores, na mão contrária, podem resultar em algo positivo. Saem jogadores consagrados (D’Alessandro, Magrão, Nilmar) ou pré-consagrados (Taison) e entram iniciantes. Jogadores "medianos" (e, por medianos, me refiro a jogadores menos idolatrados, menos atingidos pela mídia, menos cotados a Craque do Brasileirão), como Andrezinho, Giuliano (buscando sair do patamar de "promessa" e chegar ao de "bom jogador"), Alecsandro (tentando se consagrar como centroavante matador), Bolaños (este, vindo de uma má fase estrondosa em sua chegada ao Brasil), entre outros.

Com isto, o Inter perde a cotação de "time do momento". Estamos, ao menos psicologicamente, abaixo de Avaí, Náutico, Barueri, qualquer time recém-chegado da Série B. Ninguém espera mais nada do Inter. Ainda menos sem Nilmar, D’Alessandro e Taison. Bolaños? Aquele perna de pau do Santos? O Inter já era. E é desse pensamento que talvez venha o detonador da nova fase do Inter. Com jogadores que estão querendo comer grama, provar que são dignos de levantar o Inter da crise, fazer o que as grandes estrelas não fizeram.

Eu acho que isso vai acontecer? Sinceramente, não. Talvez por, inconscientemente, achar que, quanto menos esse grupo tiver crédito, mais a teoria fará sentido.

Ou talvez por não acreditar, mesmo.

Mas é a última cartada.

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