quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O 3-5-2 é o caminho (mesmo fingindo que não).

Por Gustavo Foster


Escrevo esse texto com certo receio. Não tenho certeza se devo dedicar uma coluna diária ao maior segredo do Beira-Rio. Segredo guardado por trás de entrevistas, escalações, Bolívar com a camisa 2: o Internacional joga num 3-5-2. Como aquele primo que foi preso por posse de drogas e hoje senta na ponta da mesa, na ceia de Natal, o assunto não é abordado.

Como que por medo do "esquema chama-derrota", no papel o time de Tite joga com Kleber na mesma linha de Bolívar, com Giuliano e Andrezinho compartilhando a armação de jogadas. Mas, ao apito do juiz, fica claro que não há dois zagueiros apenas. Giuliano não é um meia armador. Kleber está, no mínimo, 30 metros à frente dos zagueiros.

Dessa maneira (e, por favor, não "por consequência do título no Japão"), o grupo organiza-se, e Tite (que pode ser tudo – e é, sim, muita coisa – , menos burro) monta, às escondidas, um time que joga no esquema detestado por todos, desde todo o sempre. Mas não conta pra ninguém.

Bolívar sempre foi zagueiro. Fala isso seguidamente, em entrevistas (sempre que tem a chance, na realidade) e demonstra em campo. Como lateral, é fraco. Atuando na zaga, é excelente. Ponto para o 3-5-2, que levou o General para o lado de Índio e Sorondo. Dois stoppers e um zagueiro de sobra, e o problema da zaga, se não foi sanado, está demonstrando melhoras.

No meio de campo, vemos Sandro salvaguardando a zaga como ninguém. Diz-se por aí que é o melhor volante desde Falcão / Batista. Não vi eles jogarem, me desculpem. Mas vi Sandro. Guinazu atua mais avançado (ou, se preferirem, em todos os lugares do campo) e Andrezinho é o 10 clássico. Pelos lados, a maior e mais eficiente mudança do time. Pela esquerda, Kleber comprova o que já se sabia, mas muitos duvidavam: é um exímio ala. Com lançamentos preciosos, ajuda muito o ataque quando não precisa se preocupar tanto com a defesa. É o pé esquerdo mais preciso do grupo colorado.

E, pela direita, há o ala-direito, vejam só. Quem ocupa essa função? Giuliano afirma que nunca tinha jogado assim. Mas, em contrapartida, foi escolhido o craque do último jogo. Jogando ali, como ala-direito. Bolívar perde grande parte de sua angústia, ao não ter que ir à linha de fundo. Giuliano utiliza seu passe qualificado, sua velocidade, seu folêgo e sua habilidade para produzir todas as jogadas pelo lado direito.

Na frente, Taison e Alecsandro entram e deixam a grande área, numa movimentação intensa, o que confere mais oportunidades de lançamento. Além disso, por almejar os lados, o time tende a lançar bolas altas na área. E lá há Alecsandro, um ótimo cabeceador e finalizador. De fora, há um Taison em má fase, mas que certamente não desaprendeu a chutar.

Em resumo, o Internacional joga, hoje – e pode-se perceber isso no jogo contra o fraco Sport – , num 3-5-2 muito bem armado. Os grandes problemas (como falta de segurança na zaga, ausência de jogadas pelo lado direito, o abismo entre zaga e ataque, a solidão dos três da frente) parecem ter suas resoluções no novo esquema colorado. E ele é três-cinco-dois.

Mas não contem pra ninguém.

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