segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Gilberto fez o que quis.

Por Daniel Ricci Araújo


Na semana passada, mais precisamente no domingo, o bom time do Cruzeiro já tinha sofrido uma derrota imerecida para o São Paulo, nosso inimigo número um na briga pelo título. Para mim, que vi praticamente o jogo inteiro, uma coisa tinha ficado clara, límpida e incontestável quanto a beleza estonteante da Megan Fox: para jogar contra o Cruzeiro, era preciso marcar Gilberto. Fazendo isso, metade dos nosso problemas estariam resolvidos.

Mas se há uma coisa a qual o Inter não fez, ontem, na derrota para o Cruzeiro, foi marcar o bendito Gilberto.

Já tinha sido assim na derrota para o Corinthians, coisa de uns vinte, trinta dias atrás. Lembram de Jorge Henrique, o inconfundível baixinho bom de bola do meio-campo alvinegro? Pintou e bordou a noite toda, livre, leve e solto pelo campo. Até gol fez – impedido, é verdade, no melhor estilo corintiano de ganhar um jogo -, mas pior do que isso foi a liberdade que lhe foi dada durante os noventa minutos.

Quando o Inter vai encarar um bom time de futebol, em seus domínios, parece que se toma de uma soberba inconsciente: é simplesmente inadmissível que o treinador do Inter – de novo – tenha assistido de braços cruzados a um jogador adversário ser o grande protagonista do jogo e não fazer nada a respeito. Antes, foi Jorge Henrique; ontem, Gilberto. Jogaram mais à vontade do que china em galpão de peão, como se diz no interior. E foram os principais responsáveis por seus times terem saído do Beira-Rio com três pontos. Só Tite não viu.

Alguém lerá essas linhas e provavelmente me chamará de simplista, querendo imputar a derrota a um fato isolado. Não é o caso. O Cruzeiro mereceu a vitória porque se portou como um time grande deve sempre se portar fora de casa: jogando, “metiendo y metiendo”, como diriam os argentinos, e não engalfinhado atrás, esperando a sorte grande que invariavelmente não vem.

Mas pelo menos ofensivamente, não nos enganemos: o Inter fez muito boa partida ontem. Especialmente no primeiro tempo a equipe fluiu, teve contundência, um pênalti escandaloso não marcado e jogadas de “dois-um” por ambos os lados do campo. Se contabilizarmos isso tudo aos dois gols que fizemos, mais as chances de gols e a bola na trave, ninguém poderá dizer que o time não teve alternativas. Teve, e não foram poucas. O que faltou foi tentar podar a melhor coisa do Cruzeiro, o que o Inter sequer tentou. Gilberto fez o que quis.

E por isso, quase que somente por isso, o Inter não acordou líder nesta segunda-feira.

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