quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Minha vó já dizia.

Por Marcelo Benvenutti


Minha vó que não conheci, e minha mãe me passou muitas de suas crendices e máximas, dizia que "quando mais o sujeito se abaixa, mais o cu aparece". Sempre recordo dessa afirmação quando em situações de confronto me deparo, ou deparo as pessoas que convivo ou gosto, com decisões rápidas e rasteiras. Nesses momentos é que vemos onde termina o orgulho vaidoso e começam as definições de caráter.

O Inter ontem teve uma definição de caráter. Ao contrário do que eu e muitos imaginavam, o Internacional entrou em campo avançando o meio de campo, impondo seus zagueiros e forçando o São Paulo a apelar para o chutão. O time colorado amarrou o tricolor paulista, como canta um sãopaulino de última hora aqui no prédio ao lado, e não deixou iniciativa nenhuma para o time do dono da padaria. Num único lance, numa bobeira na marcação, como são definidos muitos jogos, levamos o gol que o cardíaco chorão não deixou escapar.

No segundo tempo voltamos ainda com o gol deles na cabeça. Paulada em nossas esperanças. A gremistinha dona do cachorro barulhento do outro prédio ao lado vibrando em gozos histéricos. Goza, safadinha. Goza! É o que te resta! Mário Sérgio falha somente ao demorar em tirar o risonho Taison. Do que ri tanto o Taison? Da nossa cara, deve ser. Alecsandro perde um gol que até a avó do xarope do Paulo Brito faria. Mas o Alecsandro não pode deixar de ser Alecsandro. Quinze gols no campeonato. Quase goleador. Mas não é o Nilmar, Píffero. Não amarra as chuteiras do mascote do Nilmar. Tudo bem, nosso estádio está na Copa 2014. Os Eucaliptos valem o que ninguém quer pagar. O Lula abriu crédito no BNDES, Píffero. E pra quem souber analisar balancetes, podem conferir no seguinte endereço:

http://www.internacional.com.br/extra/BALANCETE_ANALITICO_JANEIRO_A_AGOSTO_2009_150909.pdf


Com um pouco de paciência e o básico da matemática poderão concluir, como eu concluí, que 100 mil sócios não mantêm a atual estrutura do Inter e que somos dependentes da venda de mais de um Nilmar por ano. É louvável a abertura da direção colorada ao abrir suas contas aos sócios e ao público em geral. Mas, infelizmente, a constatação é cruel. Vendemos Nilmar para bancar o resto do clube. E jogamos fora o Campeonato Brasileiro de 2009.

Simplesmente um ataque com Alecsandro e Taison não tem condições de vencer nada. O Alecsandro porque, apesar de ser o goleador colorado na temporada, lhe falta o básico: qualidade. E Taison porque, infelizmente pra mim e grande parte dos colorados que admiravam sua entrega e vontade até meses atrás, não dá mais para aguentar. Nem Mário Sérgio suportou. E tirou Taison. Jogou o Inter pra cima. Não se pode dizer que faltou valentia ao treinador e ao grupo. Mas perdemos no detalhe.

E o detalhe, o detalhe, como diriam os ululantes da obviedade, o detalhe é tudo. O detalhe que faltou e ainda falta no ano de 2009 é a vontade de não ter medo de ser feliz. O Inter, a instituição Inter, dentro das perspectivas criadas pela administração colorada dentro das quatro linhas, fora não tenho o que contestar a não ser a falácia da auto-suficiência com 100 mil sócios, tem medo de ser feliz. O Inter entrava em campo resmungando. O Inter entrava em campo com DVDs embaixo do braço. Com denúncias. O Inter era a Escrava Isaura do futebol brasileiro. Coitado do Inter.

Ontem, 28 de outubro de 2009, o Inter perdeu. Mas perdeu sem medo de ser feliz. Com os erros que poderiam acontecer, não desistiu. Brigou. Lutou. Não deu. Mas não teve medo. E, admito, prefiro um time que enfrente as adversidades de peito aberto. Que apanhe mas não tenha medo de ser autêntico. Prefiro um time, como dizia minha vó lá no primeiro parágrafo, que não se abaixe. Este é o Inter que todos queremos em 2010.

De preferência, obviamente, vencendo.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

É a última coisa que eu peço.

Por Gustavo Foster

Não quero mais nada. Não quero título, não quero vaga, não quero contratações, não quero Luxemburgo, Leo Moura ou Martin Palermo. Nada disso. Porque a única coisa que eu queria, Vitório Píffero, era que a mentalidade dos indivíduos que comandam e gerem a instituição Internacional – você, principalmente, o Giovanni Luigi e todos que os rodeiam – fosse condizente com a grandeza daquele que um dia foi o Clube do Povo. Hoje, é o clube de alguns, que ficam sentados numa “cadeira do papai” e se importam com centenas de outros assuntos antes de se importarem com o futebol.

Então não vou pedir, porque eu sei que não vai acontecer. Depois de alguns anos de sua gerência – sobre a qual todos nós duvidamos, e estávamos certos – , já é mais fácil do que passar pela zaga colorada perceber que, enquanto tivermos sentados no trono reis com cabeças voltadas para questões não compatíveis com o futebol (aquele que é jogado dentro de um campo de futebol, com uma bola, com onze jogadores de cada lado), nós, torcedores (lembra?), seremos meros palhaços, abobalhados, imbecis. Afinal, nós não ganhamos nada esse ano (Suruga, ok), mas, quem se interessa?, se o superávit do ano vai fechar em 40 milhões de reais. Nilmar? Não me lembro, é ator da Globo? Procura no Google, Píffero.

Às vezes, eu tento superar a ânsia de vômito e penso em como ficaram os nobres dirigentes “colorados” quando do gol do Gum. O último, no caso. Será que se importam, nem que seja numa recaída coloradística, quando esquecem o real âmbito do negócio que se tornou um clube de futebol? Lembram, será, que os mesmos cem mil sócios (ano que vem serão dez mil, mas quem se importa? O presidente vai ser outro) que – hahaha, riamos – garantem a venda de só “um” jogador por ano (em 2009, foi o Nilmaralexedinhomagrão) são também, vejam só, COLORADOS? Daqueles que gostam de ver gol. Daqueles que adoram ver seu time levantar uma taça. Daqueles que vão a todos os jogos, ou que assistem da TV, ou que ficam na varanda com o radinho. E que gostam de ver o Inter ganhando. Será que eles se importam com o torcedor?

Eu acho que pouco, muito pouco. Um campeonato que daria felicidade a milhões de torcedores pelo mundo inteiro pesa muito pouco, quando do outro lado da balança é posto um saco de dinheiro pela ida imediata do camisa 9. Vai o camisa 9 e que se dane o campeonato, os jogadores, a torcida, tudo. São trocentos milhões de euros. Quanto um campeonato brasileiro vai dar de retorno? Não há como saber. E é arriscado. E é só daqui a três meses. Melhor vender, logo. Vai que quebra a perna! Já quebrou da outra vez, lembra?

Dirão: “é o dinheiro que roda o mundo”. É verdade. Não sou trouxa. E outra: um time não se sustenta por amor. Mas futebol não é só negócio. Tem mais coisa envolvida, tem sentimento, tem história, tem honra. Por isso que, para dirigir um clube de futebol e ter sucesso, é necessário ser hábil. É preciso ter uma precisão quase médica no manuseio dos valores emocionais e financeiros. A diretoria atual, me desculpem, falha grosseiramente nesse quesito.

Acabaremos o Centenário assim. Um Gauchão, uma Copa caça-níquel, alguns vexames e fim de papo. A gente já tá conformado. E, quem não tá, recomendo abrir os olhos: já era. Mas isso eu já disse. Não quero mais nada. Que nem Tim Maia, não quero chá, não quero café, não quero Coca-Cola. Nem chocolate. Só quero que ganhem o Grenal.

É a última coisa que peço a essa direção. Depois podem pegar as malas e ir para onde quiserem. Mas ganhem esse Grenal. Só.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Procura-se um campeão.

Por Thiago Marimon

Lá se foram trinta rodadas do campeonato mais imprevisível da era dos pontos corridos e, até o momento, só o que sabemos é que ninguém quer ser campeão. Dos cinco primeiros classificados, qualquer um pode a qualquer momento dar uma arrancada, erguer este caneco e levar para casa esta taça que ninguém quer. Poder pode, mas não merece.

O Palmeiras de Muricy, Diego Souza e Vagner Love vem perdendo força na reta final, queimando a gordura que acumulou no início do segundo turno e dando cada vez mais pinta que um time com Marcão, Cleiton Xavier e Obina não pode levar o caneco para a casa. O São Paulo, como já se notou desde o início do ano, não é mais o mesmo. Um time comum, com alguns bons jogadores, nada mais que isso. Não tem naipe de campeão. Atlético Mineiro tem o Roth, e, como sabemos, é contra as leis da natureza o time do Juarez triunfar. Sobra o Flamengo e nós, colorados.

O rubro negro carioca é, dentre os primeiros colocados, o único que tem apresentando um futebol ascendente, com Petkovic, do alto de seus 615 anos, jogando o fino da bola. Além do sérvio, o Flamengo ainda conta com os melhores laterais/alas do futebol nacional há três temporadas, um meio campo coeso e o Imperador da Noite, Adriano, na frente. Os cariocas teriam a receita perfeita para passar o fim de ano loucos de faceiros. Teriam, não fossem cariocas. Como já dizia Cabañas, o sábio e implacável gordinho, nunca confie num time carioca. Logo, entre os ainda postulantes ao título, sobra apenas o time de vermelho da Padre Cacique. Mas esse, afirmo, também não leva. Tampouco merece.

E não leva por uma conjunção de erros que poderia ser elencada de A a Z... mas fiquemos apenas no mais evidente:

Vendemos o campeonato no meio do ano. Quando os euros do Villareal seduziram a direção colorada, e Nilmar rumou para a Espanha, onde hoje amarga um banco. Junto com o vice goleador da seleção nas eliminatórias, vendemos o título. Passamos nos trocos o nosso diferencial. O cara que, mesmo no trivial isolamento no campo ofensivo, tornava o Inter um time com aquele algo a mais de campeão. Lá se foi o cara capaz de resolver jogos encrespados, seja parindo um golzinho chorado contra um Barueri da vida ou dando ares de pintura a um Pacaembu boquiaberto, garantindo aqueles pontos que, entra ano e sai ano, fazem tanta falta quando o natal se aproxima.

Soma-se a isso a manutenção de um técnico sem convicções, esquema de jogo e, principalmente culhões, durante mais de 80% do campeonato, mantido pela alienação, teimosia e empáfia de uma direção que vive hoje de louros do passado. Acrescente a esta receita uma generosa porção de total e completa falta de tesão da equipe, um bocado de desacerto defensivo, a falta de jogadas pelos flancos, a repetição de esquemas manjados e a reiterada escalação de jogadores com respostas insatisfatórias. Por fim, tempere com a crença do melhor elenco do Brasil e voilà. Sabemos por que hoje, na trigésima rodada, ainda procuramos um campeão.

Aqueles bons de coração dirão que, rodada a rodada, a diferença tem diminuído, que as equipes da ponta patinam, e que, de ponto em ponto, estamos chegando. Homens de fé, estes. Eu não, sou cético. Virgens, Papai Noel, Inter de 2009 e o Rubinho Barrichello não mais me convencem. Um time campeão não perde de três para o Náutico, mas também não sofre dois gols do GUM.

Que a vaga na Libertadores do ano que vem, hoje já ameaçada, seja o consolo deste time que tinha tudo para chegar lá, mas não quis.

Saudações Coloradas...

PS: Os jornalistas Felipe Prestes e Luís Eduardo Gomes, junto com a editora Nova Pauta, vão lançar em dezembro uma revista especial sobre os 30 anos do título invicto do Internacional no Campeonato Brasileiro de 1979.

Mais que compilar fatos já conhecidos, esta história está sendo recontada. Jogadores como Batista, Falcão, Benitez, Mauro Galvão e Chico Espina já foram entrevistados, além de adversários como Roberto Dinamite e Mococa, e do jornalista Divino Fonseca.

Os resultados deste trabalho já podem ser conferidos em áudio, vídeo e texto no blog:
http://invicto79.blogspot.com

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Mais do mesmo.

Por Daniel Ricci Araújo


Quando Tite saiu do Inter, a maioria da torcida deu-se por satisfeita. O pastor de fala mansa e discurso ensaboado era o problema, ou o maior de todos eles, dizia convicta a maioria da torcida. Aí, entra Mário Sérgio, um personagem polêmico, sem papas na língua e que poderia, quem sabe, fornecer a reviravolta anímica que tanto o time precisaria. Ilusão: com três jogos sob a batuta do novo comandante, vamos e venhamos, o que mudou de efetivo no futebol do Internacional?

A resposta é uma só: nada. Absolutamente nada.

Nossa última partida, contra o Fluminense, foi um quadro de dor. Jogando contra uma equipe fraquíssima, e com a derrota do mediano líder Palmeiras a tiracolo, em nenhum momento do jogo o Inter teve brios, gana, alma e desprendimento típicos de quem está jogando a possibilidade de ouro – e talvez a última – de entrar para valer na briga pelo campeonato. Não que o time tenha sido indolente, porque não foi, mas convenhamos: a raça ia no máximo até a esquina. Somos uma equipe que joga quase por jogar. Se der, deu, se não der, não deu. A única exceção foi e é Guiñazu, e reconheçamos: com onze argentinos iguais teríamos um esquadrão à prova de quaisquer Real Madris e Milans.

Praticamente todos os jogadores do Inter passam a impressão não de que sejam displicentes ou coisa que o valha, mas que não deixam tudo em campo. Quando vejo Sandro errar passes fáceis, acho que falta algo. Quando Alecsandro, livre na área, tenta um toque por cima do goleiro em vez de bater rasteiro e com força, falta algo. Quando D’Alessandro e Andrezinho não conseguem desafogar o time porque não estão por perto da jogada, falta algo. E o que é que falta, afinal de contas? Falta motivação. O Inter é um time que joga à meia máquina.

Podemos falar do esquema tático, dos treinadores, das individualidades, mas nada nos daria uma resposta conclusiva. O grupo é, sim, superestimado, mas bom o suficiente para brigar pelo título. Os treinadores se sucedem e não conseguem extrair nada de diferente deste grupo. E a tática... Bem, a tática é um caso a parte. O Inter, em 2009, já jogou em diversos esquemas, do 3-5-2 ao 4-4-2, e a verdade é que fora o Gauchão, praticamente não houve futebol convincente.

Chegamos à final da Copa do Brasil, passamos 99% do Brasileirão na zona da Libertadores, temos jogadores reconhecidos e – espero – muito dinheiro em caixa. Mesmo assim, a torcida do Inter está desanimada com o time porque falta algo. Um “algo” que não se pode comprar nem fazer surgir com duas linhas de quatro, losangos, triângulos ou quadrados de esquema tático. Um algo o qual todas as equipes campeãs têm, algo que não se fabrica e nem brota com mais “trabalho” ou “foco”, para citar duas palavras da moda no futebolês. O Inter, mais do que nunca, precisa querer mais. Na vida e no futebol, é preciso ver a bola como um prato de comida. Só assim os homens e as equipes podem ser bem sucedidos.

Talvez o discurso ufanista e o oba-oba inconsciente (ou nem tanto) da própria torcida tenham contaminado a opinião do Inter sobre si mesmo. Toda glória é efêmera, diz o ditado, e é possível, bem possível, que todos nós, time e torcida, tenhamos acreditado sermos melhores do que realmente somos. Mas mesmo assim, ainda há tempo de reverter esse quadro. O título está difícil, e a vaga na Libertadores periga concretamente pela aproximação perigosa do bom time do Flamengo. Temos um clássico pela frente, situação que sempre pode arrumar a casa e dar aquela sacudida no ânimo que o time tanto precisa.

Mais do que nunca, o Inter vai precisar querer mais.

Muito mais.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Teimosinha.

Por Marcelo Benvenutti

Na falta de jogo melhor para assistir, perder meu tempo com Brasil versus Venezuela é que eu não iria, me acomodei para assistir a Uruguai contra Argentina. Maradona retrancou o time com 670 zagueiros, embolou o meio com jogadinhas laterais do Verón e na hora do pega pra capar, lascou um homem da frente e tascou em campo o zagueiro que fez o gol da glória do lado de lá do Rio Uruguai. Lógica? Nenhuma.

Futebol em boa parte das partidas não existe lógica. É natural aceitar essa afirmação. Desde que a afirmação não se torne regra e se aceite que a ilógica ou o intangível decida campeonatos. O Brasileiro desse ano é um exemplo. O Palmeiras toma três ao natural do Náutico, da turma de baixo da tabela, e muitos dirão: Que doideira! Mas é lógico que um grupo que mantém Marcão como titular por tanto tempo não merece a credibilidade que os campeões merecem. Diz a lógica do futebol que em campeonatos longos de pontos corridos, a melhor equipe, a mais regular, aquela que manteve uma base constante, um padrão de jogo e todas essas expressões que estamos cansados de escutar os comentaristas jogarem ao vento, tornar-se-á campeã.

Será?

O Palmeiras mandou seu primeiro treinador procurar manicures em litoral paulista abaixo, o Inter mandou o seu cuidar das ovelhas no deserto e o São Paulo pegou o dono do armazém pra entrar no lugar do Muttley, o tarado das medalhas. O Atlético Mineiro continua investindo no sonho de consumo da direção colorada: Celso Roth. Qualquer equipe próxima ainda tem chances de comemorar vaga como os argentinos no Centenário ontem de noite. Quem gosta de vaga é guardador de carros, obviamente. Quem entra em um campeonato, não interessa qual, entra pra vencer.

O Internacional que, pasmem, ainda tem chances de "sair campeão", como me ensinam alguns estudiosos da nova ortografia de Porto Alegre, já jogou no 4-4-2, 3-5-2, 3-6-1 e no melhor dos esquemas adotados durante a temporada; o famoso 7-0-3, que se baseava em colocar 4 defensores atulhados com 3 volantes na frentes a darem chutões para que um armador e dois velocistas fizessem "a sua parte". Inevitavelmente o esquema se transformava em 7-0-2-0-1. Os "zeros" são as vastidões lunares que existiam entre um e outro setor. São Nilmar resolvia tudo.

Dentro do seu planejamento, a diretoria vendeu o 115º jogador da temporada, sem contar o craque búlgaro e o filho do príncipe que vieram como reforço, e ficamos à mercê de Tite e suas convicções. Um Maradona passou voando agora, sei, devo estar delirando, e me disse no ouvido que estas convicções também podem ser as da direção, leia-se Fernando "Fábio Koff" Carvalho. Como as convicções, as mesmas que trouxeram Joel Santana alguns anos atrás, são maleáveis, imagino que Mário Sérgio deva fazer parte do rol de "perfis" que existem nos laptops dos assessores do departamento de futebol.

Nada contra convicções, eu não sou e nem quero ser treinador. Outro dia, inclusive, li algumas declarações do Menotti, campeão treinando a Argentina em 1978, e entre elas se destacava a seguinte:

“La táctica es programática. Por lo tanto, todo lo que sea programático en el mundo de la acción, donde aparece lo inesperado, no tiene mucho sentido. Vos elaborás una táctica para tu día, pero te aparece algo imprevisto y a la mierda la táctica.”

Não digo que devemos adotar à risca tal mandamento, mas que não deixa de ser verdadeiro dentro da falta de lógica que domina nosso futebol atual, particularmente o campeonato brasileiro e, especificamente o Internacional, isto lá não deixa.

O que me leva, dentro dessa falta de lógica no raciocínio em sequência desta coluna, a pensar que não devemos perder nosso tempo esquentando a cabeça se o Mário Sérgio vai esquematizar o time no 3-5-2 ou vai jogar a escalação de acordo com o páreo do Cristal. Eu, por mim, jogava as camisetas pra cima e quem pegasse primeiro, vestia. Garanto pra vocês que nem assim o Taison entrava.

Resumindo, é mais fácil apostar no escuro.

Na Teimosinha.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Mário Sérgio é o Pai do Rock.

Por Marcelo Benvenutti

Mário Sérgio, também conhecido como Vesgo, não é o treinador dos sonhos de ninguém. Assim como não era o jogador dos sonhos de nenhum treinador na sua época dentro das quatro linhas. Era e não era. Mário Sérgio era craque. O apelido vesgo vem de uma de suas principais jogadas: cabeça levantada, marcador à frente, Mário jogava a bola para um lado enquanto olhava para o outro. O marcador invariavelmente caía no embuste, mesmo que já soubesse de antemão que ele iria fazer isso. Infalível.

Mário perambulou pelo mundo, jogou em muitos estados diferentes, outros países, não ganhou muito títulos, é verdade, não tantos quanto o futebol que mostrava dentro de campo. Louco, enfrentou problemas com doping, indisciplina e brigas generalizadas com companheiros dentro e fora do campo. Claramente, é um sujeito polêmico, daqueles que tanto pode anunciar o descobrimento da roda quanto colocar o Titanic de novo no oceano. Quando Raul Seixas cantou que o diabo era o pai do rock, ele deveria ter conhecido Mário Sérgio. Pode-se esperar de tudo. Até mesmo, nada.

Escrevo antes do jogo deste sábado. Se anuncia Bolaños na lateral para substituir o suspenso Kleber. Não se sabe se ele manterá Andrezinho fazendo dupla com o D'Alessandro ou vai colocar Taison ao lado de Alecsandro. Não se sabe como está o astral do ex-filhote do vento, que nos últimos tempos anda mais para sobrinho da brisa. Se o Taison jogar metade do que acha que joga, já vai ser ótimo. Basta ter vontade. A mesma vontade que teve o renascido D'Alessandro. Mário Sérgio entende D'Alessandro. Mário Sérgio guardaria D'Alessandro no bolso da frente da camisa. O portenho, marrento, ótimo jogador, driblador, boa visão de passe à média distância, incisivo, muitas vezes lento na retomada de jogo para os corneteiros das sociais, antipático às perguntas repetitivas e insossas dos repórteres, é a menina dos olhos do time de Mário. É compreensível. Aceitável. Particularmente, pra mim, é o óbvio. Tão óbvio que só o nosso ex-treinador que, bato na madeira três vezes, não ouso repetir o nome aqui, não entendia ou, teimosamente, não queria entender.

Jogasse no Flamengo ou no Corinthians e o gringo já teria sido elevado à condição de semideus brasileiro. Aqui nessa plagas, não passa de um "preguiçoso" que não joga de acordo com "estilo gaúcho" de se jogar futebol. Deveríamos avisar os velhinhos britânicos da International Board. Existe outra modalidade de futebol a ser regulamentada: o futebol gaúcho. Não duvido que qualquer dia desses um deputado estadual faça um projeto de lei estabelecendo as regras de como um time gaúcho deve jogar. É proibido atacar. Centroavante tem que voltar até a intermediária da defesa para marcar. Armador é coisa de carioca. Menos de três volantes é futebol de paulista. Jogar pra frente é coisa de time nordestino estabanado e quando o jogo estiver 2x0 o time que está na frente deve retirar um avante e colocar mais um zagueiro. Qualquer coisa diferente e o sujeito deveria ser exilado em Torres, que é um pedaço de Santa Catarina que nós roubamos.

Resumindo, não interessa qual o esquema, desde que o time jogue, como deve ser no futebol, tanto do Uzbequistão quanto da Alemanha, pra frente. Roubou a bola do adversário? Pra frente. Sobrou uma bola na entrada da área? Pra frente. É simples. É tão óbvio que chega a constrangedor pensar o contrário. Chega a ser patético alguém declarar que "entregamos a posse de bola para o adversário" ou " vamos esperar o momento certo para atacar". Chega a ser tão escancarado que não me interessa se o Mário Sérgio usa papel higiênico dos dois lados, se o D'Alessandro cospe no microfone ou se o Alecsandro toda vez que vai elogiar um jogador chama ele de "inteligente" (os outros então são burros?). Interessa é que devemos vencer. E nada mais natural que para vencer programe-se o time para jogar futebol, simplesmente jogar futebol, e atacar. É o que nos resta para mantermos vivas as esperanças. Atacar. Sempre atacar.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Um acerto, enfim.

Por Gustavo Foster


A direção mais errou do que acertou no Centenário, acho isso indiscutível. Levando em consideração as expectativas criadas (justamente), o Inter pouquíssimo fez em 2009. E, convenhamos, a torcida sabia que Tite era um técnico aquém do que precisávamos.

As substituições “seis por meia dúzia”, o aglutinado de volantes à frente da zaga, o conseqüente abismo zaga-ataque, a nulidade das jogadas laterais, etc, etc, etc. Não vou citar a eterna procura pelo ponto de equilíbrio e as entrevistas hipnotizantemente pedantes. Não encontramos o merecimento e o equilíbrio, chegamos a outubro, e Tite não é mais o técnico do Inter.

E, faltando menos de três meses para o fim do ano, a direção acerta. A vinda de Mário Sérgio é a melhor solução para o problema (criado, enfim, pela própria direção). No momento, o que precisamos é muito mais motivação do que padrão de jogo. São onze jogos que podem nos levar a uma Libertadores no ano que vem (nem falo em conquista do campeonato, apesar de não desprezar as chances). É público que Mário Sérgio não faz parte do projeto colorado para o ano que vem. Ele mesmo admite isso, e afirma não ter pretensões maiores como treinador. O que acaba sendo um ponto positivo. O “Vesgo” não tem nada a perder.

Por parte de torcida e imprensa, não há muita expectativa. Por parte do próprio treinador, não há ego ou preocupações futuras.

E Mário Sérgio é boleiro. D’Alessandro é boleiro. Os dois jogaram bola no meio da rua, com latinha de Coca-Cola. A imprensa gosta de dizer que jogadores assim “têm personalidade”. Personalidade todo mundo tem. Eles sabem como que a vida funciona e não baixam a cabeça pra qualquer um. Por aí está a resposta para o mau rendimento do argentino sob os comandos de Tite.

Andrés D’Alessandro passará a jogar - se não tudo que pode - muito mais do que vinha jogando. Tenho certeza.

Para o restante do campeonato, motivação é o que nos resta. Ninguém conseguiria implantar um esquema em uma dezena de jogos. Não há tempo para treinamentos, conversas, absorção de idéias. A partir de agora, precisamos vencer. Apenas vencer. Não há mais a necessidade de merecimento, espetáculo, desempenho, chocolate. Ganhando os jogos restantes, poderemos, enfim, almejar algo para este fim de Centenário. A começar pelo Náutico.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Um acerto, enfim.

Por Gustavo Foster


A direção mais errou do que acertou no Centenário, acho isso indiscutível. Levando em consideração as expectativas criadas (justamente), o Inter pouquíssimo fez em 2009. E, convenhamos, a torcida sabia que Tite era um técnico aquém do que precisávamos.

As substituições “seis por meia dúzia”, o aglutinado de volantes à frente da zaga, o conseqüente abismo zaga-ataque, a nulidade das jogadas laterais, etc, etc, etc. Não vou citar a eterna procura pelo ponto de equilíbrio e as entrevistas hipnotizantemente pedantes. Não encontramos o merecimento e o equilíbrio, chegamos a outubro, e Tite não é mais o técnico do Inter.

E, faltando menos de três meses para o fim do ano, a direção acerta. A vinda de Mário Sérgio é a melhor solução para o problema (criado, enfim, pela própria direção). No momento, o que precisamos é muito mais motivação do que padrão de jogo. São onze jogos que podem nos levar a uma Libertadores no ano que vem (nem falo em conquista do campeonato, apesar de não desprezar as chances). É público que Mário Sérgio não faz parte do projeto colorado para o ano que vem. Ele mesmo admite isso, e afirma não ter pretensões maiores como treinador. O que acaba sendo um ponto positivo. O “Vesgo” não tem nada a perder.

Por parte de torcida e imprensa, não há muita expectativa. Por parte do próprio treinador, não há ego ou preocupações futuras.

E Mário Sérgio é boleiro. D’Alessandro é boleiro. Os dois jogaram bola no meio da rua, com latinha de Coca-Cola. A imprensa gosta de dizer que jogadores assim “têm personalidade”. Personalidade todo mundo tem. Eles sabem como que a vida funciona e não baixam a cabeça pra qualquer um. Por aí está a resposta para o mau rendimento do argentino sob os comandos de Tite.

Andrés D’Alessandro passará a jogar - se não tudo que pode - muito mais do que vinha jogando. Tenho certeza.

Para o restante do campeonato, motivação é o que nos resta. Ninguém conseguiria implantar um esquema em uma dezena de jogos. Não há tempo para treinamentos, conversas, absorção de idéias. A partir de agora, precisamos vencer. Apenas vencer. Não há mais a necessidade de merecimento, espetáculo, desempenho, chocolate. Ganhando os jogos restantes, poderemos, enfim, almejar algo para este fim de Centenário. A começar pelo Náutico.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Inexplicável?

Por Daniel Ricci Araújo

É o terceiro ano consecutivo no qual o Inter degringola no meio do campeonato.

É o terceiro ano consecutivo em que a imprensa do Rio e de São Paulo trata o Inter como a maior decepção do Brasileirão.

Domingo, foi a enésima vez em que o nosso treinador escalou a equipe para não perder sem qualquer reação por parte da diretoria para que o técnico do Inter comporte-se de fato e de direito como treinador do Internacional, e não do Ituano.

As decepções sucedem-se. Fernando Carvalho sempre se saiu com a máxima de que o Inter tinha a obrigação de ser competitivo. Pois bem, se há uma coisa que o time de Tite não tem é competitividade. Parece um time amorfo, resignado, com pena de si mesmo e esperando dezembro chegar. Muitos dizem que o time é a cara do treinador. Eu completaria a sentença: o Inter hoje é a cara do enfastio da sua direção: sem discurso, sem ação, sem mudança na hora certa. Vendendo jogadores a rodo e dizendo que as derrotas que se acumulam são “inexplicáveis”. Ora, pois.

Como pode ser inexplicável que o ataque do Inter produza tão pouco se a inevitável venda de Nilmar deu-se sem reposição até agora? Como pode ser inexplicável que Bolívar jogue tão pouco na lateral-direita se até o asfalto da Padre Cacique sabe: Bolívar é zagueiro, e somente zagueiro, e enquanto mais o treinador insisto em escalá-lo na posição errada mais a diretoria assiste de braços cruzados?

Vamos e venhamos: de inexplicável, a situação atual do Inter tem muito pouco. Desde o início do ano passado, o Inter não tem um camisa dois no elenco sob a desculpa de que não existem jogadores assim no mercado, mesmo que os outros clubes do Brasil, bem ou mal, tenham o seu. Desde o início de 2009, Andrezinho é festejado como a grande alternativa de custo-benefício a D’Alessandro. Pois bem: domingo, contra o Coritiba, Andrezinho jogou menos que nada e o argentino - que está relegado ao ostracismo muito mais pela birra de alguns do que pela média do futebol de seu substituto - entrou aos trinta e sete minutos do segundo tempo. É inexplicável que o Inter dependa de Andrezinho sempre e ele não dê a resposta esperada? Não, também não é.

E Taison e Alecsandro? Há seis meses, Taison pratica um futebol nota três. Não sai do time e quase sempre, quando perde a bola, começa a rir caído no chão, o que invariavelmente nos leva à conclusão de que Taison ri muito durante o jogo. Sem arranque, sem velocidade, sem drible ou iniciativa pessoal, deveria estar recuperando-se na reserva há muito tempo. Inexplicável é que continue prestigiadíssimo, assim como seu colega de ataque, o firuleiro Alecsandro com seu inesgotável – e insuportável – repertório de toques de calcanhar e balõezinhos fora da área. Hoje, sem dúvida nenhuma, a dupla de ataque do Grêmio está jogando dez vezes mais do que a nossa - e faço essa comparação porque é a mais próxima de todas, só por isso. Se é melhor, não sei, mas que está muito mais eficiente, é certeza absoluta.

Mas e as alternativas atuais do grupo? É justo jogar nas costas de Marquinhos o peso desta responsabilidade? E Edu, recém chegado e adaptando-se após dez anos de Europa, é certeza absoluta de qualidade na reposição? Maycon e Glaydson, Danilo Silva e Bolaños vão resolver o quê? Será o grupo tão forte assim? Não, claro que não é. Inexplicável também é que a torcida debite sempre e quase tudo na conta de Tite para não admitir que o elenco, a sua menininha dos olhos de sempre, não é essa maravilha toda.

Não é inexplicável que o Inter esteja há seis jogos sem vencer. Mas inexplicáveis, de fato, são muitas outras coisas mais.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

É preciso ser tricolor.

Por Marcelo Benvenutti


O Internacional palavreia aos quatro cantos seus feitos de marketing. No jargão do povo da Publicidade, Relações Públicas, Administração, etc. o Internacional é um case. Sim. Um clube falido, as portas abertas do cofre onde nem as aranhas faziam teias pois não tinham moscas ou algo para roer. Um grande clube abandonado por sucessivas e fracassadas direções que tratavam a torcida como lixo biodegradável, sem reciclagem, direto no esgoto.

Sim, o Inter que era o Atlético Mineiro de dez anos atrás não existe mais. Temos que dizer, sim, que muito foi feito nestas oito temporadas de gestão Fernando Carvalho & Cia. Não podemos negar. Certa vez, numa entrevista, o líder máximo declarava como sofria ao ver o Inter perder campeonato atrás de campeonato, envergonhado, jogado nas últimas colocações da tabela, virando parceria do Botafogo e do Náutico. Queria, antes de tudo, que o Inter lutasse para vencer. Tenho que admitir que muitas das equipes sofríveis daqueles anos difíceis eram realmente formadas por jogadores de qualidade técnica duvidosa, para não ofender os mais sensíveis. Muitas vezes eram jogadores de segunda linha, do terceiro escalão do futebol nacional, quando aparecia um Caíco era um girassol numa floresta ervas daninhas. Era a estrela. Mas, garanto, nenhum colorado era menos colorado porque sofria, torcia, vaiava ou lotava o estádio depois de, improváveis três vitórias seguidas. O colorado era, antes de tudo, parafraseando Euclides da Cunha, um forte. E nada o derrubava.

Foi desse torcedor, que sofreu, que sobreviveu, que atravessou por quarenta anos o deserto até a terra prometida que nasceu o grupo que hoje domina o Inter. Foi do desejo desse torcedor que o Inter renasceu para as vitórias, para as primeiras posições da tabela, para o respeito dos adversários e pelo temor dos inimigos. Antes de tudo, foi do torcedor, sempre ele, que nasceu a Libertadores, o Mundial e o Centenário festejado como nunca outra torcida do Brasil festejou, nas ruas, com as bandeiras largas, extensas, cobrindo as ruas de Porto Alegre e de todos os lugares onde existisse um colorado. Onde existe um colorado, existe esse desejo. O de resistir. Foi resistindo aos tempos amargos que ele ficou forte.

Então tudo, depois de consumado, se transformou em um caso de marketing. Um reflexo da administração moderna, da auto-ajuda, do Lair Ribeiro, do Evandro Motta e, se duvidar, até do Bispo Macedo. Afinal, o que seria o mundo sem o Marketing? O livro mais famoso do mundo é puro marketing. "Afasta de mim este cálice"? Marketing. "Nunca tantos deveram tanto a tão poucos"? Marketing. "Eu tive um um sonho"? Óbvio que é marketing. Tudo é marketing. Tem cara que ganha dinheiro só dizendo pros outros como eles devem fazer para ganhar dinheiro. Outros ganham só para responder o óbvio e ainda são aplaudidos para tanto. Tudo se resolve numa boa campanha, em alguns releases repetidos por jornalistas preguiçosos e a fama está feita. Deite-se e deleite-se. É assim, não é?

O Internacional dos anos 2000 é assim. Ganhou títulos importantes. Ganhou respeito e babação de ovo generalizada. É admirável que gastem páginas de editoriais e se veiculem campanhas institucionais a rodo por rádio, tevê e internet. A torcida compra. A torcida consome. Paga. Mas quando o produto não corresponde, óbvio que o consumi ... quer dizer, torcedor, reclama. Tem direitos adquiridos como qualquer consumidor. Não vai devolver o produto pois o que ele consome vem de dentro. É paixão. É irracional. Assim como muitos outros produtos que nos empurram goela abaixo. No caso do futebol o intangível torna-se tangível quando os onze adentram o gramado e o sujeitinho de preto (ou outras cores extravagantes) trila o apito e dá início ao combate. Ali a paixão torna-se concreta. Ali não existe marketing. O que é, é. Não adianta contratar publicitário, motivador ou advogado de defesa. Ninguém pode nos dizer que o rei não está nu. Está nu e com o rabo sujo.

O futebol apresentado pelo Inter, que é o que realmente interessa, e as vitórias são consequências disso, nos últimos tempos é sofrível. Pior, é vergonhoso. Não que sejamos um Real Madrid. Não. Ninguém no Brasil é um Real Madrid. Mas também não somos a Campinense. Estamos em quarto lugar no Brasileirão por inércia. Nas quatro primeiras rodadas, quando jogaram os reservas, marcamos 12 pontos. Nas outras, 32 pontos em 22 jogos. Aproveitamento de 50%. Bem longe do discurso de 66%. O futebol dentro de campo, o dos discursos, organizado, participativo, incisivo, com equilíbrio e quantos mais eufemismos eles criem, é feio, desorganizado e jogado ao imponderável das individualidades. Domingo, abaixo de chuva, doze mil náufragos foram tentar torcer pelo Inter. Alguns, acredito que muitos, vaiaram. Fernando Carvalho mais uma vez declarou que aqueles que quiserem vaiar, que fiquem em casa. Faixas criticando a atual situação foram venezuelamente recolhidas pelas forças de segurança. A atual direção parece começar a sofrer a maldição de Darth Vader. “O medo é o caminho para o lado negro. O medo leva à raiva, a raiva ao ódio e o ódio leva ao sofrimento!” Claro que a culpa é da torcida! Injusta e esfomeada. Querem vaiar? Que comam brioches!

Mas o estertor da coluna de hoje, que poderia ser o resumo de todo o resto, brilha no dourado da camiseta comemorativa. Deixo minha contribuição ao departamento de marketing colorado. Garanto que com esta frase garantiremos mais algumas semanas para que Tite procure o "ponto de equilíbrio" junto a um professor de Geometria Espacial que a direção contratou.

"NÃO BASTA SOMENTE PERDER. É PRECISO SER TRICOLOR."