quarta-feira, 21 de outubro de 2009

É a última coisa que eu peço.

Por Gustavo Foster

Não quero mais nada. Não quero título, não quero vaga, não quero contratações, não quero Luxemburgo, Leo Moura ou Martin Palermo. Nada disso. Porque a única coisa que eu queria, Vitório Píffero, era que a mentalidade dos indivíduos que comandam e gerem a instituição Internacional – você, principalmente, o Giovanni Luigi e todos que os rodeiam – fosse condizente com a grandeza daquele que um dia foi o Clube do Povo. Hoje, é o clube de alguns, que ficam sentados numa “cadeira do papai” e se importam com centenas de outros assuntos antes de se importarem com o futebol.

Então não vou pedir, porque eu sei que não vai acontecer. Depois de alguns anos de sua gerência – sobre a qual todos nós duvidamos, e estávamos certos – , já é mais fácil do que passar pela zaga colorada perceber que, enquanto tivermos sentados no trono reis com cabeças voltadas para questões não compatíveis com o futebol (aquele que é jogado dentro de um campo de futebol, com uma bola, com onze jogadores de cada lado), nós, torcedores (lembra?), seremos meros palhaços, abobalhados, imbecis. Afinal, nós não ganhamos nada esse ano (Suruga, ok), mas, quem se interessa?, se o superávit do ano vai fechar em 40 milhões de reais. Nilmar? Não me lembro, é ator da Globo? Procura no Google, Píffero.

Às vezes, eu tento superar a ânsia de vômito e penso em como ficaram os nobres dirigentes “colorados” quando do gol do Gum. O último, no caso. Será que se importam, nem que seja numa recaída coloradística, quando esquecem o real âmbito do negócio que se tornou um clube de futebol? Lembram, será, que os mesmos cem mil sócios (ano que vem serão dez mil, mas quem se importa? O presidente vai ser outro) que – hahaha, riamos – garantem a venda de só “um” jogador por ano (em 2009, foi o Nilmaralexedinhomagrão) são também, vejam só, COLORADOS? Daqueles que gostam de ver gol. Daqueles que adoram ver seu time levantar uma taça. Daqueles que vão a todos os jogos, ou que assistem da TV, ou que ficam na varanda com o radinho. E que gostam de ver o Inter ganhando. Será que eles se importam com o torcedor?

Eu acho que pouco, muito pouco. Um campeonato que daria felicidade a milhões de torcedores pelo mundo inteiro pesa muito pouco, quando do outro lado da balança é posto um saco de dinheiro pela ida imediata do camisa 9. Vai o camisa 9 e que se dane o campeonato, os jogadores, a torcida, tudo. São trocentos milhões de euros. Quanto um campeonato brasileiro vai dar de retorno? Não há como saber. E é arriscado. E é só daqui a três meses. Melhor vender, logo. Vai que quebra a perna! Já quebrou da outra vez, lembra?

Dirão: “é o dinheiro que roda o mundo”. É verdade. Não sou trouxa. E outra: um time não se sustenta por amor. Mas futebol não é só negócio. Tem mais coisa envolvida, tem sentimento, tem história, tem honra. Por isso que, para dirigir um clube de futebol e ter sucesso, é necessário ser hábil. É preciso ter uma precisão quase médica no manuseio dos valores emocionais e financeiros. A diretoria atual, me desculpem, falha grosseiramente nesse quesito.

Acabaremos o Centenário assim. Um Gauchão, uma Copa caça-níquel, alguns vexames e fim de papo. A gente já tá conformado. E, quem não tá, recomendo abrir os olhos: já era. Mas isso eu já disse. Não quero mais nada. Que nem Tim Maia, não quero chá, não quero café, não quero Coca-Cola. Nem chocolate. Só quero que ganhem o Grenal.

É a última coisa que peço a essa direção. Depois podem pegar as malas e ir para onde quiserem. Mas ganhem esse Grenal. Só.

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