segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Que não falte coragem no Mineirão.

Por Daniel Ricci Araújo


O maior problema do Inter para o próximo domingo, nessa autêntica final de campeonato que nos aguarda no Mineirão, é que um empate pode acabar sendo bom resultado. Sim, meus caros, quem diria: uma crespa igualdade no placar pode manter o Inter na zona da Libertadores antes de dois jogos com times já rebaixados. Basta o Cruzeiro não vencer o Atlético-PR em Curitiba. Esse, talvez, seja o nosso maior empecilho.

É simples. A busca do empate é o maior convite à mediocridade do futebol atual. Aí está o meu receio.

Convenhamos: Mário Sérgio já demonstrou que é muito mais afeito a retrancar o time em vez de fazê-lo buscar o resultado. Contra o Santos, foi o Inter sofrer o gol de Neymar e pimba: o homem tascou Glaydson no time pouco tempo depois. Em outras partidas a mesma postura cautelosa em excesso nos prejudicou, e contra o Fluminense, no Maracanã, o Inter só começou a jogar algo parecido com futebol após a entrada de Marquinhos. Pena que havia um Gum pelo caminho. Ou melhor, dois.

Agora, no Mineirão, o Inter precisará ser o time que se espera ele seja desde janeiro. Está na hora de botar a artilharia em campo. Chegou o momento de D’Alessandro, Kleber, Índio, Bolívar e Sandro – todos ou badalados, ou históricos no clube – mostrarem que estamos no momento de separar as crianças dos homens. É decisão. Vale muito, vale vaga na Libertadores, e com o poderio atual deste imenso clube, nós somos sempre time que se entra na Libertadores é para ganhá-la ou beliscar a taça, e ponto final. A coisa é séria, jogadores. Chegou a hora de decidir. No próximo domingo, faca entre os dentes é pouco.

No entanto, palavras ao vento não vão mudar muita coisa. O Inter tem de ir a campo com uma formação racional e que ataque, e não pouco. Qualquer chance de sucesso, na minha opinião, passa necessariamente pela presença de dois meias e dois atacantes. Nada de Alecsandros isolados (até porque mesmo acompanhado a coisa já é complicada...), nada de “aproximações” virtuais dos “volantes-meias”, nada de apostar nas subidas de laterais constantes porque, até agora, o Inter de 2009 não conseguiu isso com regularidade. O colorado tem de ir para a frente com a bola, e ir para valer. Temos time para ganhar, e temos que jogar para ganhar!

Sejamos claros e didáticos: D’Alessandro, Giuliano, Marquinhos e Alecsandro precisam sair jogando, e Edu deve ser guardado para o segundo tempo se for necessária uma jogada extra de velocidade. Não quero ver o Inter precisar marcar gols sem atacantes em campo. Aliás, sobre Marquinhos, uma coisa é evidente: o titular agora é ele, e Taison é seu reserva. Ponto. Será inadmissível se Mário Sérgio optar pelo segundo em detrimento do primeiro. Até acho que não o fará, porque seria algo perto do inexplicável.

Qualquer torcida de qualquer clube de futebol sabe o que ocorre em noventa e cinco por cento das oportunidades nas quais seu time entra em campo para empatar. Posso admitir uma derrota no Mineirão lotado, para o bom time do Atlético? Claro que posso. Mas não terei compaixão na análise se perdermos de maneira covarde, com trinta volantes em campo e dando bicos para o alto, esperando o jogo acabar. Está na hora de querer mais, bem mais do que o adversário, queira ele o quanto quiser.

O Inter tem que se fazer forte em Belo Horizonte. Forte, cascudo e pronto para tudo. Precisa estar atento atrás, óbvio, mas também tem de sair para o jogo para que os mineiros tenham medo e não se joguem com tudo para a frente. Sim, o filósofo estava certo: a melhor defesa é o ataque. Acomodar-se atrás perante oitenta mil atleticanos será algo como esperar um empate convencional que só por milagre virá. O Inter tem que se defender austeramente, quase de bombachas, e atacar veloz, montado em esporas, cortando o vento. Com a bola, para a frente! O resto é consequência.

O Inter está diante da sua final particular. Por isso, que não falte coragem no Mineirão.

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