sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

E que tudo mais vá para o inferno!

Por Marcelo Benvenutti

Imagino que o Mário Sérgio, novo mais rico do Beira-Rio, 500 pacotes no bolso, deve colocar o Andrezinho na função do Andrezinho. Maldosamente, nem tanto, eu que tanto defendi D'Alessandro aqui neste espaço, tenho que admitir que ele deveria substituir o Guiñazu pelo Maicon mesmo, que seja, e deixar o portenho no banco. D'Alessandro é um sujeito que qualquer um que prestar atenção notará que ele tem o potencial de saber o que fazer com a bola. Só que não faz. Por que não faz? Não sei. Perguntem pra ele e aguardem uma resposta. Pesquisando descobrimos que foi assim em todos os times que passou. Por isso não se firmou em nenhum. Por isso não foi épico, apesar de ter atuações memoráveis, em nenhuma equipe que passou. D'Alessandro, com o perdão das comparações para os mais puristas, vai ser lembrado na história colorada como hoje lembramos Caíco.

Caíco era o 10 do povo. Da coréia. Da massa abstrata abismada embasbacada. Caíco era festa. Drible. Gols memoráveis. Caíco humilhava os adversários. Caíco era uma nesga de luz na sombra da Idade Média colorada. Caíco foi o herói de 1992. D'Alessandro, de 2008. Um trouxe uma Copa do Brasil auxiliado pelos gols do Gérson, goleador nato, precocemente morto. D'Alessandro deu show na Sul-Americana. Humilhou. Labobeou todos pela América. Mas ambos perderam-se em atuações medíocres. Perdidas. Atuações beirando a manemolência do futebol carioca mais arcaico e misantropo. D'Alessandro dribla, é cercado, dribla de novo, erra o passe, olha pro juiz, levanta os braços e troteia a la Fabiano Cachaça, mas sem a explosão que fez do último um gênio da raça.

Por essas e outras que Andrezinho deve ser o titular. Deve ser o titular mas deve ficar no banco de olhos vendados até o começo da partida. Mário Sérgio deve tirar suas vendas, e apropriadamente dois tampões de ouvido, só na hora dele entrar em campo. Deve dizer no pé de seus ouvidos que já passam dos 20 do segundo tempo. Andrezinho é o nosso Seabiscuit. Mário Sérgio, frequentador assíduo dos cavalinhos, deve conhecer bem o tipo. Só assim Andrezinho entrará em campo atropelando, dando passes certeiros, fazendo cruzamentos precisos e cobrando faltas que fariam o master Marcelinho Carioca babar do outro lado da quadra, quer dizer, do campo. Andrezinho tem o poder mítico dos sofridos. Dos reservas no canto do banco. Andrezinho é tão rodrigueano que nem parece ter sido criado na Gávea. O coxa-colada mais amado e ignorado do Brasil.

O Santo André lutará certamente. Mesmo que não valha bater a bola nas placas de publicidade como no Showbol, mas lutará. Não pensem que será fácil. Não para este Inter. Para este Inter forjado em um mina de diamante e que gerou um belo saco de carvão pro churrasco depois da pelada de quarta-feira. Mas, com vontade e um pouco de reza, quem sabe para Santo André, o padroeiro dos pescadores, e consigamos pescar nosso sonho. Que Alecsandro, o grilo falante, pare de falar como um Pinóquio e faça gols. Que Sandro, futuro craque da Premier League, se despeça com honrarias. Que Lauro faça o óbvio. A zaga não se estresse à toa. E que deixem alguém cobrindo as subidas do Kleber porque talvez ele seja o nosso camisa 10. Imaginem só se Alex continuasse na lateral?

Enfim, encerrando a temporada, com humildade na medida certa e jogadores concentrados em vencer de qualquer jeito e por qualquer placar, alcançaremos o objetivo que nos restou em 2009. Garantir um lugar direto na fase de grupos da Libertadores de 2010. Sem volta olímpica. Sem choro. Simplesmente uma vitória no fim de tarde modorrento de dezembro em Porto Alegre. E, como diria Roberto Carlos, não aquele da ajeitada no meião: E que tudo mais vá para o inferno!

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