quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O Grêmio não vai entregar.

Por Andreas Muller


Souza cometeu o desatino de ir aos microfones com insinuações de que o Grêmio entregará a vitória ao Flamengo na rodada derradeira deste Brasileirão. Tcheco foi mais sutil: declarou-se feliz por não ter esse “problema” nas mãos, mas fez questão de lembrar um suposto corpo-mole institucional protagonizado pelo Inter em um confronto com o São Paulo no ano passado. E assim têm sido os gremistas desde o apito final do último domingo. De vossa majestade Duda Kroeff ao mais plebeu de todos os geraldinos, todos fazem questão de impregnar o ar com este cheiro de dúvida e de enigma, como se todos estivessem conspirando algo por trás das cortinas do reino da dupla Gre-Nal.

Tudo isso é muito cômico, para dizer o mínimo. O Grêmio passou o campeonato inteiro sendo açoitado por todos os adversários que encontrou fora do Olímpico – inclusive os muito fracos. Mesmo assim, aí estão os gremistas, agora, agindo como se a esquadra tricolor fosse plenamente capaz de segurar o Flamengo dentro de um Maracanã em chamas. No delirante imaginário tricolor, vencer ou perder diante da irresistível força rubro-negra é uma simples questão de... escolha! Para surpresa de todos, o Grêmio deixou de ser aquele bichinho inofensivo fora de casa.
Agora, na última rodada, o Grêmio se tornou uma máquina, um verdadeiro moedor de carne que até pode derrotar o Flamengo e só não o fará porque – vamos rir juntos – não quer.

Ora, sejamos realistas: o Grêmio não vai entregar. O Grêmio vai simplesmente perder. Porque é ruim. Porque exala ruindade pelos poros e por cada furinho do dry-fit das camisetas da Puma. O Grêmio vai perder porque, jogando fora do Olímpico, é limitado nos discursos e até nas suas maiores pretensões. A polêmica em torno de entregar ou não entregar é apenas uma grande jogada de marketing: é a primeira vez desde o início de 2009 que se dá importância ao Grêmio fora do Rio Grande do Sul.

Conformem-se, amigos: o Grêmio será atropelado pelo Flamengo da mesma forma que seria atropelado por qualquer outro time neste Campeonato Brasileiro. E isso não tem nada a ver com a falta de ambições do Tricolor no certame. O Grêmio poderia estar disputando o título ou a fuga do rebaixamento e o adversário poderia ser a seleção de reservas do Asilo Padre Cacique. Mesmo assim, o Grêmio esmoreceria fora do Olímpico e entregaria os três pontos. É algo que está além da vontade da torcida, de dirigentes ou jogadores. É algo que está incrustado na camiseta tricolor e não pode mais ser negado: o Grêmio, hoje, é apenas um ilustre coadjuvante no futebol brasileiro. E sente-se muito bem nesse papel.

Quanto ao Inter: não cabe à diretoria colorada reclamar da derrota inevitável do Grêmio. O Inter deveria apenas se resignar com a vaga na Libertadores e resguardar-se ao mais profundo e digno silêncio. Mais uma vez, perdemos esse título para nós mesmos. Resta torcer para que a diretoria aprenda com os próprios erros – que vêm se repetindo desde 2007, cronicamente – e saiba planejar todo o ano de 2010 sem cair de novo na tentação do desmanche milionário. Do contrário, em breve seremos nós que estaremos na infeliz posição de se “auto-secar” na busca de algumas migalhas de alegria.

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