sexta-feira, 7 de novembro de 2008

8-4-2

Por Thiago Marimon


Ainda ecoavam nas altas arquibancadas do Estádio Alberto J. Armando os gritos de "olé" quando Óscar Ruiz assoprou. O cronômetro apontava o término do tempo regulamentar, noventa minutos, fim de jogo, assim, direto, rápido, a seco. Pois, momentos após Alex dar um "vai lá na venda" em Figueroa, que ficara estatelado no verde gramado portenho, o árbitro percebeu que não precisava de mais nada... 2x1 Inter. Doce vitória, a Bombonera é Colorada e a vaga é nossa.

O Boca jogou com os reservas?! Riquelme, Viatri e Dátolo entraram no 2º tempo?! Azar o deles!
Muito bom jogo, excelente vitória. Foi um 1º tempo nervoso, com os times buscando o ponto-fraco do adversário, o Boca abusando de bolas levantadas na área colorada, tentando por ar e por terra furar a parede de quatro zagueiros protegidos por três volantes, montada por Tite. Os Xeneizes eram, desde já, muito mais vontade do que futebol. Enquanto isso, o Inter buscava um contra ataque bem encaixado... porém, todas as nossas jogadas ofensivas passavam pelos pés de D’alessandro, era tudo com ele, pois Alex estava completamente sumido em campo.

O problema é que nosso gringo, na maioria das vezes, estava mais preocupado em mostrar truques novos a seus antigos desafetos, do que em realmente produzir algo de agudo para abastecer os homens de frente, acabando desta forma com toda a velocidade de nosso contra ataque, e fazendo com que prendêssemos pouco a bola no campo ofensivo. O final do primeiro tempo se aproximava, e, a esta altura do jogo, Lauro já e um dos nomes da noite. Porém, antes do intervalo, o susto. Jogada na área colorada, bate rebate, um argentino no chão pedindo pênalti, "pero que si, pero que no", o juiz não marca e dá por encerrada a primeira etapa. Saímos de campo aliviados, levando para o vestiário um resultado que já nos classificava. Cientes que não teríamos o que temer, respeitar já seria o bastante. O último que chamou este mesmo adversário de "Caxias com grife", carrega cinco nas costas até hoje.

Magrão é oposto de Alex. É o "maloqueiro", paulista das quebradas, distante dos microfones. Discreto fora de campo, raça e força dentro dele. Alex, por sua vez, é o porta-voz do grupo, um dos jogadores mais incensados, "selecionável", enfim, o grilo falante colorado. Mas o pop-star ainda não havia entrado em campo. Naquele momento, onde nada justificava toda aquela badalação em cima do bom-moço, o maloqueiro achou que deveria se apresentar. Com cinco minutos do segundo tempo, Magrão lança Nilmar e corre pra área, onde recebe a bola e empurra para gol, a pelota ainda bate no poste, antes de entrar, manhosa, calando quase todo o estádio. Ali, só o que se ouvia era White Stripes, livremente adaptado pela Massa Colorada presente.

Magrão é O Cara do jogo.

O Boca, nesse momento, já contava com Viatri em campo. Não há mais pênaltis, não há mais volta, a vaga é nossa. Mas, para isso, precisávamos jogar com inteligência. Não o fizemos! Obviamente, com o gol, o Boca veio para cima, mas só atacou tanto porque não dávamos o mínimo trabalho para o arqueiro bostero. Enquanto Riquelme e Dátolo entram em campo, nos postamos demasiadamente recuados. A nossa parca vantagem dura poucos minutos, pois, instantes mais tarde do gol de Magrão, Edinho faz o favor de derrubar Dátolo, que acabara de entrar, na área, em um lance duvidoso, Óscar Ruiz marca o pênalti... Riquelme bate bem, Lauro vai bem na bola, mas não chega. Com o jogo empatado, o Inter simplesmente espana a bola.

Enquanto o Boca pressiona, martela, insiste. Esta foi a vez de Lauro brilhar. A última vez que vi meu Inter apagar na Bombonera, nos faltou goleiro. Ontem não. Lauro foi muito bem, quando lhe faltou precisão, sobrou sorte, velha e eventual companheira da profissão. Fazendo seu melhor jogo desde que assumiu a meta colorada, foi dono de defesas importantes, que ajudaram a segurar o resultado nos dez minutos de apagão que sucederam o gol de empate.

Pressão, pressão e pressão, o Inter não consegue dar cadência no jogo, a bola novamente não fica no nosso campo de ataque, e, neste momento, deprimido frente à solidão que lhe é imposta, Nilmar já está no meio de campo procurando jogo. Contudo, o tempo vai passando, o jogo vai ficando mais pegado, mais violento, e o Inter finalmente sai do estado de inércia. O inter acorda... o juiz nos nega um pênalti legítimo em Nilmar, mas, quando ainda reclamamos e proferimos impropérios a cinco gerações da família Ruiz, o moço da seleção, aquele que até o momento estava total e completamente apagado na partida, Alex "te cuida Kaká" Seleção, resolve dar o ar da graça. Após uma linda triangulação com D’ale, ele invade a área, e deixa sua marca. Uma jogada trabalhada, um golaço que marca a classificação colorada, que sela uma vitória de raça, dedicação e vontade. Uma vitória com um viés político, frente a esse momento de sufrágio que enfrentaremos em breve, sabendo-se ainda, posteriormente, que houve uma intervenção direta dos "homens do futebol" na escalação do time. Quem escalou Bolívar, foi Fernando Carvalho.

E, enquanto Lauro segue fechando o gol, o resto do time joga pelo regulamento. Com menos de quinze minutos para o final do jogo, a torcida castelhana começa a deixar o estádio, D’Ale fala sutilezas aos seus compatriotas, e nós, brasileiros, neste momento, usamos e abusamos da velha catimba argentina. Neste momento, 2x1 para nós, o jogo terminou, só falta acabar. Os minutos finais foram só de festa, a voz da Massa Vermelha regia o jogo, entoando o grito de olé na bombonera. Dessa forma, mesmo não nos auto-intitulado como o "único time copero e peleador" seguimos vencendo... bocas, meias bocas e filiais, seja por 8, por 4 ou por 2.

Chegamos a mais uma semifinal de competição internacional e, para alegria dos leitores, digo-lhes: "são grandes as chances de o Rio Grande comemorar um titulo neste segundo semestre", o final de ano pode não ser tão amargo como se avizinhava. É o Internacional rumo ao México, agora, é a vez do Chivas, que venham as cabritas. Os vistos de entrada já estavam prontos, não é mesmo?!

Saudações Coloradas.

Nenhum comentário: