quarta-feira, 29 de outubro de 2008

PRIORIZA, INTER!

Por Gustavo Foster


O elenco do Inter NÃO é forte. O time pode ser, mas o elenco não é. Poucos dos 11 titulares têm substitutos (e, falando a verdade, não temos sequer titulares em algumas posições). Nilmar não pode jogar, depositamos as esperanças em Adriano. Sai Magrão, entra Taison improvisado. Se Alex, por um acaso, for convocado para a Seleção, ou sofrer uma contratura muscular, veremos nossa armação ficar por conta de quem? Andrezinho. A lateral-direita parece samba do crioulo doido: Bustos jogou 3 partidas sem a menor esperança, já que guardava a vaga de estrangeiro para Sorondo. O uruguaio se machucou, e Bustos não recebeu mais chances. De Ricardo Lopes nunca se esperou nada. Vindo do Sertãozinho, com anônimos 32 anos, de fato não mostrou a mínima intimidade com a pelota. Surgiu o nome de Ângelo, carrasco colorado na Copa do Brasil, petardista cruel: foi igual ou pior ao seu colega de posição. Se o trintão não conseguia dominar a bola, o ex-paranista se joga para o ataque como um fã em direção a Paul McCartney e não volta nem por decreto presidencial. Cria-se no lado direito colorado uma segunda versão da Avenida Beira-Rio. Resumindo: temos pouco. Não podemos usar esse pouco em algo que não seja essencial.

O time, hoje, joga duas competições. Uma internacional, outra nacional. Em uma, as chances de passar de fase são altas, o que levaria a uma esperada semifinal. Já na outra, as preces recaem em míseros quatro por cento. Ir para Libertadores é um sonho. É aquela colega lindíssima que te deu oi. As chances são míseras, mas poucos abdicam de tentar. Puxar um assunto é o mínimo. Só que a colega do Inter é casada, ama o marido e se muda pra Cuiabá, semana que vem. A realidade é dura, é triste e é recorrente, mas o Inter não tem mais chances de ir para a Libertadores.

Tudo isso pode ser entendido como uma espécie de Síndrome de Andreas. Desisto antes para possivelmente ser surpreendido positivamente depois. Levar a situação a um nível de "o que vier é lucro". Mas o cerne de tudo é que eu apresento nessa coluna a campanha "Prioriza, Inter". A Sulamericana é claramente possível, seria um título internacional, passaríamos do Boca, tem Chivas, tem River, seríamos o primeiro time brasileiro a vencer e acabaríamos o desapontador ano de 2008 da melhor maneira possível. No futuro, onde o contexto não mais importará, teremos ganhado um Gauchão, uma Sulamericana e ficado em 6º no Brasileirão – além de fatos memoráveis, inesquecíveis, como o oito-a-um, o quatro-a-um -, o que configura um belo desempenho.

Prioriza, Inter.

O Brasileirão não seria inútil. Aliás, muito pelo contrário. Poderíamos testar Ricardo, aquele que ninguém sabe nem a cara, no gol, já que essa é uma posição insegura há alguns meses. Bustos receberia mais chances (se não pisar na bola e acertar ½ cruzamento, pega a 2), os jovens Danilo e Danny jogariam, a promessa Sandro pegaria cancha. Taison, Guto e Walter afastariam a dúvida: gêmeos Barcellos nunca mais. Daniel Carvalho teria tempo de sobra para o seu SPA futebolístico. Ainda temos Rodrigo Paulista, Maycon (que, lembrem, já foi convocado), Rosinei, e, ele, o renegado: Luiz Carlos.

Mas algo deve ser prometido: ganhar do São Paulo ou do Cruzeiro não pode nem passar na cabeça dos jogadores. A derrota é tão certa quanto a ida do Homem do Gato a Capão da Canoa no verão. A desculpa pode ser o desentrosamento da equipe, o vento, a desigualdade técnica, a burrice do técnico, o roubo do juiz, o acaso, a astrologia, mas temos que perder pro São Paulo e pro Cruzeiro. Além, é claro, da promessa do presidente: teríamos que jogar a Sulamerica às ganha. Dar a vida a cada jogo, entrar na ponta dos cascos, comendo grama e utilizando todas gírias futebolísticas para raça, gana e vontade de vencer. Todos os jogadores devem virar Guiñazu, e Guiñazu deve virar uma espécie de doberman tomado pelo ecstasy.

Só vejo benefícios na priorização colorada. Se tudo desse certo, ganharíamos um título internacional, iríamos para a Recopa, treinaríamos jogadores esquecidos e, como bonus track, azedaríamos o caldo gremista.

Prioriza, Inter!

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