quarta-feira, 26 de novembro de 2008

NOME NÃO JOGA BOLA

Por Gustavo Foster


Desde o início do ano, são saudadas as muitas – e ótimas, diga-se de passagem – contratações da Era Píffero. Dentre os nomes comumente citados estão Nilmar, Magrão, Sorondo, Bolívar, D’Alessandro, Daniel Carvalho. Jogadores renomados, todos trazidos do exterior, do glamour do futebol europeu para os buracos do Gauchão. A maioria satisfez a esperança que tínhamos. Nilmar provou que é craque, Magrão se adonou da posição que ocupa, Sorondo só não é titular absoluto porque não pode jogar, Bolívar passou por momentos ruins, mas se firmou na lateral, D’Alessandro é o nosso 10 que usa a 15 e... Daniel Carvalho.

O canhoto saiu do Beira-Rio novo, como muitos. Era ídolo, numa época em que jogadores bons se destacavam – e muito – em comparação à medíocre companhia que tinham em campo. O camisa 7 dava esperanças aos colorados que pouco comemoravam naquela época. Dribles, faltas preciosas, velocidade, passes primorosos. Frente à falta de títulos e vitórias, acontecimentos como Daniel Carvalho eram dignos de comemoração. O tempo passou, o jovem atacante seguiu o caminho da Europa e, depois de alguns anos, voltou ovacionado a Porto Alegre. Só que quem se diferenciava pela qualidade, hoje é notado pela falta dela. A diferença dele para o resto do time, mesmo que reserva, é gritante. O Daniel Carvalho de hoje não acerta UM passe, UMA jogada, UM drible. Impressiona. Negativamente.

A idéia para o texto vem de algum tempo, mas o auge foi o jogo contra o Fluminense. A falta de vontade, de interesse, de participação, era evidente. Era só alguém puxar um contra-ataque que o nosso segundo atacante se direcionava ao lado contrário do ataque, como quem foge da bola. No início, nos primeiros jogos, ele ainda tentava alguma jogada de efeito, algum passe de calcanhar, algum balãozinho humilhante. Depois de alguns fracassos, a solução foi se esconder do jogo. Quem não tenta, não erra.

E hoje a situação, que já era revoltante, tornou-se inadmissível. O ex "dos dribles Carvalho" foi à imprensa, um dia antes da final da Sulamericana e noticiou: "não jogo mais no Inter!", como quem se sente ofendido diante da incompreensão ante sua genialidade. O que tinha que ser dito, hoje, é o seguinte: Daniel Carvalho, tu vieste pra cá como ídolo, tu tinhas toda a oportunidade de se consagrar, o time tava fechadinho. Todo mundo te queria no ataque, com o Nilmar. Era só tu te esmerar, perder uns quilinhos, te puxar um pouquinho nos treinos. Não precisava ser o craque do campeonato, tu já tinhas crédito com a torcida. Mas, jogando com vontade, fazendo alguns golzinhos, dando alguns passezinhos, tu ficaria meio ano aqui e sairia como ídolo que era. Mas não, em seis meses, aquela que era tida como uma das "grandes contratações coloradas" decepcionou e, mais do que isso, desrespeitou a grandeza do Internacional. Por isso eu digo: se depender de mim, no Inter ele não joga mais.

Falta de oportunidade? Absurdo falar isso.

No mesmo elenco, temos um exemplo que mostra o quão esfarrapada é essa alegação: Andrezinho. Veio como jogador de grupo, nunca se esperou que ele fosse o camisa 10. Aliás, saiu mal-falado do Flamengo e chegou aqui sob desconfiança. Pela semelhança física, lembraram do Pinga. O carioca ficou na dele. Treinou, nunca falou nada na imprensa que não fosse apoio, elogio ou demonstração de felicidade. Jogava 15 minutos, no meio dos reservas, e não reclamava.
Pode não ser um craque, mas não dá pra dizer, hoje, que o Andrezinho não é um jogador importante para o Inter. Na minha opinião, é, junto com o Taison, o "reserva imediato". Aquela espécie de 12º jogador. Faz bem a função do Magrão, não compromete como substituto do Guiñazu e quebra o galho na armação, caso D’Alessandro ou Alex não possam jogar. È importante, sem dúvidas. E foi um jogador que recebeu mais oportunidades que o Daniel Carvalho para mostrar qualidade? Não. Aliás, o primeiro chegou com muito mais nome, mais prestígio, mais festejo.

Só que nome não faz gol, não dá passe e não ganha jogo. Pra pegar a camiseta, fardar, entrar em campo e se dizer titular, tem que mostrar, todo dia, que é digno de estar ali. Daniel Carvalho tinha tudo para ser, mas achou que o "tinha tudo" faria isso pra ele. Não fez, e hoje, se for embora, garanto que triste ninguém vai ficar.

No dia 05 de novembro deste ano, escrevi aqui no Final Sports uma coluna entitulada "Perdedores e Vencedores". No texto, eu fiz uma referência ao técnico Tite que pode ser interpretada de uma maneira ofensiva, o que não era a minha intenção. Algumas pessoas se sentiram ofendidas e eu peço desculpas, porque jamais tive a intenção de agredir ou tratar da vida pessoal de ninguém.

Espero que a situação fique resolvida, já que, a meu ver, tudo foi um grande mal ententido – talvez por má interpretação de quem lê, talvez por culpa minha, seja utilizando ironia de forma inapropriada, seja não deixando clara a intenção das palavras escritas.
E hoje o Tite vai queimar minha língua mais uma vez e vai trazer uma vitória da Argentina.

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