quinta-feira, 14 de maio de 2009

MATAR OU MORRER.

Por Marcelo Benvenutti

Ano passado. 2008. Quartas-de-final da Copa do Brasil. A torcida colorada irada vaia o time no final depois de vencermos o Sport Recife por 1x0 no Beira-Rio. Eu, puto da cara, me irrito e me seguro pra não discutir com alguns imbecis que insistiam em criticar tudo no time. A apresentação obviamente não tinha sido das melhores. Mas era uma vitória. Na volta poderíamos garantir a vaga na semfinal. Não era nenhum fim de mundo. Depois, foi.

Ontem. Flamengo no Maracanã. Depois do jogo, um jogador rubro-negro responde a uma pergunta com raiva. O ódio da partida ainda quente dorria em seus olhos: "Falaram que eles viriam aqui e tocar um chocolate no Flamengo." Falaram. Quem falaram? Bom, não interessa. A mídia é assim mesmo. Cria e destrói mitos do telejornal Hoje até o Jornal da Globo. Depois de uma semana de La Boba no Globo Esporte, Nilmar recebendo placa. D'Alessandro é Rivelino, Nilmar é Messi, e por aí, nada mais restava ao Inter que não fosse decepcionar.

Outro dia escrevi aqui. O Inter criou seu próprio parâmetro. Isso é bom. É ótimo. Mas também pode ser um desastre. Pode parecer aquele sujeito que toma Viagra para triturar a namorada nova em 8 horas seguidas de sexo e um dia, sabe-se lá por que, peças que a viad nos prega, se apaixona e resolve mostrar seu verdadeiro "eu". Dá uma bimbada meia bomba de cinco minutos, goza e vira pro lado roncando e chamando a mamãe nos sonhos. Obviamente a amada do sujeito vai odiar. Ninguém mandou criar um limite acima da média, Don Juan de pílula.

Assim aconteceu com a equipe colorada. Partidas perfeitas em sequência. Contra um bando de times medíocres, dirão. Sim. Mas, mesmo assim, perfeitas. A fama foi se alastrando. Fama de futebol é como qualquer outra fama. Fama de bom de cama. Fama de mau pagador. Fama de matador em filme de faroeste. Depois que fez a fama, meu velho, tem que encarar, dar de frente. O velho Clint Eastwood tentando fugir do passado em um faroeste qualquer. Sempre um novo pistoleiro, invejoso, cruel, sanguinário, à espreita na próxima cidade. Louco para matar o famoso Clint, um homem sem piedade. Aquele que mata tudo que anda e rasteja.

Assim será a vida do Inter enquanto a fama, a invencibilidade e a inveja alheia perdurarem. Enquanto este time for considerado de primeira linha, não por companheirismo ou clubismo, mas por méritos. Serão adversários com baba escorrendo da boca vociferando que "ninguém vai nos meter um chocolate" e entrando de sola em todas. Vai ser D'Alessandro tendo que descobrir que para "dejálo jugar fútbol" ele tem que sair das faltas, procurar o parceiro, mesmo que seja o Taison pedindo mamãe como o cara do sonho dois parágrafos acima. Vai ser Nilmar tendo que correr mais que sempre, se é possível alguém ser tão rápido fora das pistas de atletsimo. Vai ser Magrão, ou quem quer que entre no lugar dele, se dar conta que vai ter que correr mais que neguinho desesperado atrás do busão, atrasado, em dia de pagamento de salário. Enfim, todos terão que ser Guiñazu.

A torcida, esse emaranhado de individualidades desconexas, aprenderá, aqueles que ainda não aprenderam vão ter que fazer cursinho com os mais velhos, que um grande time enfrenta jogos mais difíceis que os outros. Contra os grandes, todos querem ser perfeitos. Ou o sujeito dá tudo pra faturar tanto a gordinha feia do 302 tanto quanto a gostosa do trabalho, ou vai ficar de cinco em um na mão assistindo SexyTime no Multishow. Só não me tomem Viagra que do jeito que o Tite prepara suas estratégias, vão morrer de ataque cardíaco antes de gozarem.

O Internacional hoje é o time mais solitário do Brasil. Solitário em sua força. Todos o enfrentarão como o Flamngo ontem. Portanto, não adianta se esconder e esperar a hora certa. Amorcegar jogos como Bocas Juniors da vida, Tite. O momento é de só um pensamento. Não existe meio-termo, Gary Cooper de Caxias. É matar ou morrer.

Ps.: Quem não conhece esse clássico do faroeste, Matar ou Morrer, é bom conhecer. High Noon é o nome original deste filme de 1952.

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