segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Uh, Fernandão!

Por Thiago Marimon

Final de uma clássica tarde de domingo. O relógio aponta quase 18:30h e mais de trinta mil almas vermelhas rumam ao Beira Rio. A minha foi calma, sangue doce total. Já passei da fase de me estressar em jogo de futebol. Entro mudo, saio calado, quanto menos gente me incomodar, melhor. É difícil se empolgar com este time do Tite, mas as lamúrias infinitas da mal acostumada torcida vermelha também irritam. Assim sendo, escolhi o fone de ouvido como companhia e sigo indo ao estádio. É o que sempre faço quando estou em Porto Alegre em dia de jogo. Não será este Pastor de camiseta cor de vinho que há cem jogos comanda o Inter que irá me tolher este prazer.

Para variar, um pequeno atraso. Ainda descia do T5 na José de Alencar quando Marquinhos, para loucura do narrador que me berrava nos ouvidos, fez o primeiro gol aos cinco minutos da etapa inicial. Golaço que eu só pude confirmar em casa, vendo o VT. Apertei o passo, mas não o suficiente. Já enxergava o Gigante ao fundo, com a bandeira à meio mastro pelo morte do ex presidente Gildo Russowsky quando o segundo urro toma conta da Padre Cacique. Era Fernandão e sua sina de dar alegrias à massa vermelha. O Capitão de 2006 sobe para dividir uma bola de cabeça junto com Magrão e, fazendo uso desproporcional da força, acerta o meio campo colorado. O juiz não pensa duas vezes e o faz sair de campo prematuramente, certamente mais encabulado pela torcida que o aplaudia freneticamente do que irritado com a injusta expulsão. Uh, Fernandão!, grita a massa. Ainda antes de ingressar no estádio, ao subir a rampa que dá acesso às cadeiras pares, o terceiro urro. Era o capitão, dessa vez o nosso, não o outro. Guiñazu guardava o segundo gol colorado. Capitão por capitão, eu sou mais o meu.

Já acomodado no estádio, eu finalmente estava vendo aquilo que o narrador me contava pelos fones. O Inter amassava o Goiás, que com um jogador a menos e sem um volante dando proteção à zaga (que foi sacado para a entrada de F9), apenas se defendia, e mal. Eller jogando o futebol que jogava quando deixou o Beira Rio e por alguns momentos fazendo às vezes de lateral esquerdo. Giuliano bom na armação e perigoso na conclusão e a mais nova cria do Celeiro de Ases, Marquinhos, destruindo com o jogo. O time de vermelho finalmente jogava pelos lados, ora com o esforçado Danilo, ora com o selecionável Kleber, enchendo os olhos de todos, até mesmo daqueles com menos esperanças e paciência com o time pastoril, como eu.

A esta altura, a euforia desmedida era quase inevitável, quase. Pois, para quem já viu ao vivo o Inter sair ganhando por dois gols de diferença, em casa, contra Fluminense, SPFW e Barueri, para depois complicar o jogo, canja de galinha e um pé atrás nunca são demais. Porém, para nossa alegria, assim como Fernandão não foi o Fernandão de sempre, Adenor também não foi aquele que conhecemos. E, mesmo vencendo por dois gols de diferença, Tite, o homem que dorme com a luz acesa pois tem medo do escuro, manteve o time no ataque. O que se viu no segundo tempo foi um vareio. Giuliano jogou muito e mereceu seu gol, assim como Kleber que completou o escore com um golaço. O placar marcava quatro tentos a zero, mas se marcasse seis, sete, ninguém haveria de discordar, tamanha a superioridade alvirrubra frente à equipe do centro oeste. Pedrito de Quixeramobim não entrou em campo e a única chance real de gol do time esmeraldino saiu de uma cabeçada que passou rente ao poste direito de Lauro, e só.

E foi mais ou menos assim que no final de tarde dos festejados medalhões Campeões Mundiais, foi a gurizada colorada quem fez a festa.

Alguns dirão que ganhamos do Goiás, mas é esse mesmo Goiás o segundo colocado no Nacional. Um dos times de melhor campanha, no acumulado, desde que o brasileirinhas passou ser disputado na forma de pontos corridos. A superioridade vermelha perante o vice-líder da competição cada vez mais corrobora a minha tese de que não há franco favorito. E me irrita profundamente ver que temos time de sobra para levantar este caneco, mesmo achando que, com Tite na casamata, isto é pouco provável.

Quarta-feira, todos ao Gigante, em busca do simbólico título do turno para seguir no vácuo do Palmeiras, que com Muricy no banco, Diego Souza na meia e agora Vagner Love no ataque, é o único time que pode nos separar do caneco... vai ter que dar, vai ter que dar.

Sim, eu sou bipolar.

Saudações Coloradas...

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