segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Inexplicável?

Por Daniel Ricci Araújo

É o terceiro ano consecutivo no qual o Inter degringola no meio do campeonato.

É o terceiro ano consecutivo em que a imprensa do Rio e de São Paulo trata o Inter como a maior decepção do Brasileirão.

Domingo, foi a enésima vez em que o nosso treinador escalou a equipe para não perder sem qualquer reação por parte da diretoria para que o técnico do Inter comporte-se de fato e de direito como treinador do Internacional, e não do Ituano.

As decepções sucedem-se. Fernando Carvalho sempre se saiu com a máxima de que o Inter tinha a obrigação de ser competitivo. Pois bem, se há uma coisa que o time de Tite não tem é competitividade. Parece um time amorfo, resignado, com pena de si mesmo e esperando dezembro chegar. Muitos dizem que o time é a cara do treinador. Eu completaria a sentença: o Inter hoje é a cara do enfastio da sua direção: sem discurso, sem ação, sem mudança na hora certa. Vendendo jogadores a rodo e dizendo que as derrotas que se acumulam são “inexplicáveis”. Ora, pois.

Como pode ser inexplicável que o ataque do Inter produza tão pouco se a inevitável venda de Nilmar deu-se sem reposição até agora? Como pode ser inexplicável que Bolívar jogue tão pouco na lateral-direita se até o asfalto da Padre Cacique sabe: Bolívar é zagueiro, e somente zagueiro, e enquanto mais o treinador insisto em escalá-lo na posição errada mais a diretoria assiste de braços cruzados?

Vamos e venhamos: de inexplicável, a situação atual do Inter tem muito pouco. Desde o início do ano passado, o Inter não tem um camisa dois no elenco sob a desculpa de que não existem jogadores assim no mercado, mesmo que os outros clubes do Brasil, bem ou mal, tenham o seu. Desde o início de 2009, Andrezinho é festejado como a grande alternativa de custo-benefício a D’Alessandro. Pois bem: domingo, contra o Coritiba, Andrezinho jogou menos que nada e o argentino - que está relegado ao ostracismo muito mais pela birra de alguns do que pela média do futebol de seu substituto - entrou aos trinta e sete minutos do segundo tempo. É inexplicável que o Inter dependa de Andrezinho sempre e ele não dê a resposta esperada? Não, também não é.

E Taison e Alecsandro? Há seis meses, Taison pratica um futebol nota três. Não sai do time e quase sempre, quando perde a bola, começa a rir caído no chão, o que invariavelmente nos leva à conclusão de que Taison ri muito durante o jogo. Sem arranque, sem velocidade, sem drible ou iniciativa pessoal, deveria estar recuperando-se na reserva há muito tempo. Inexplicável é que continue prestigiadíssimo, assim como seu colega de ataque, o firuleiro Alecsandro com seu inesgotável – e insuportável – repertório de toques de calcanhar e balõezinhos fora da área. Hoje, sem dúvida nenhuma, a dupla de ataque do Grêmio está jogando dez vezes mais do que a nossa - e faço essa comparação porque é a mais próxima de todas, só por isso. Se é melhor, não sei, mas que está muito mais eficiente, é certeza absoluta.

Mas e as alternativas atuais do grupo? É justo jogar nas costas de Marquinhos o peso desta responsabilidade? E Edu, recém chegado e adaptando-se após dez anos de Europa, é certeza absoluta de qualidade na reposição? Maycon e Glaydson, Danilo Silva e Bolaños vão resolver o quê? Será o grupo tão forte assim? Não, claro que não é. Inexplicável também é que a torcida debite sempre e quase tudo na conta de Tite para não admitir que o elenco, a sua menininha dos olhos de sempre, não é essa maravilha toda.

Não é inexplicável que o Inter esteja há seis jogos sem vencer. Mas inexplicáveis, de fato, são muitas outras coisas mais.

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