quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Onde surge o amanhã...?

Por Raphael Castro


A esta altura do apocalipse, os(as) caros(as) leitores já devem ter se dado conta de que há pelo menos dois clubes que estão literalmente implorando para não ficar com o caneco de 2009: o Palmeiras e o...Inter. Melhor seria dizer que ambos parecem ter verdadeiro horror ao título, a julgar pelo que têm feito nas últimas rodadas. De fato, o morde-assopra colorado poderia até dar nome a filme pornô (já pensaram? “G4: entra-e-sai...”).

Necas

Bem, a despeito das boas administrações e de uma já identificável “forma de pensar o futebol”, a verdade é que não temos muito o que mostrar ao mundo desde o paraíso de Yokohama. Não sei quanto aos(às) que lêem, mas o que me ficou daquela época foi a cara inchadona e vermelha do Abel desembarcando no Salgado Filho: o futebol empachado que o Inter praticou em 2007 foi o retrato fiel da expressão do nosso treinador ao descer do avião. Resultado: “agora sim, vou poder trabalhar” – seguramente, uma das frases mais infelizes já proferidas por um dirigente do Internacional -, e um técnico aprendiz de feiticeiro, que, talvez influenciado pelo próprio nome, nos deixou com um futebol meio “galináceo”...

Necas – parte II

Mas, mostrando toda a convicção dos nossos timoneiros, Abelão, o Terrível, foi chamado de volta, ainda que (1) tenha jogado pela janela uma Libertadores a golpes de goleada em Buenos Aires e de Michel em campo, e que (2) tenha regressado apenas para nos deixar (novamente) pendurados no pincel em Recife, na Copa do Brasil, ensurdecido pela melodia ruidosa (e mal explicada) dos petrodólares. Começava ali a “Era Adenor”...

(Triste) Epílogo

O resto está demasiadamente fresco na memória para necessitar um relato mais detalhado aqui: nas únicas vezes em que quiseram realmente demonstrar “atitude”, os homens do futebol colorado erraram ao manter o Sr. Bacchi (claramente desgastado) no cargo após a final da CB de 2009, e também ao ceder a seus dilemas existenciais com o Corinthians. Ao que tudo indica, após os mui esquecíveis anos de 2007 e 2008, FC perdeu um pouco a embocadura (o caso do vídeo contra os paulistas é emblemático): assim mesmo, não é razoável supor que ninguém tenha conseguido botar o Inter pra jogar sério em três longos anos – ou seja, alguém (além dos jogadores, é claro) não deve estar performando como deveria (apenas a título de curiosidade, vi lances da preleção antes da finalíssima da Sulamericana no DVD do “Nada Vai nos Separar” e, para dizer o mínimo, acho que aquilo dignifica ainda mais a conquista do Inter – como conseguiram, meu Deus...?).

Fim de verdade

Os mais ligados(as) já devem então ter se dado conta de que o nome da coluna hoje foi inspirado no hino do Inter: depois de tudo o que vimos após 2006, e mesmo com o primeiro semestre de 2009 – que, sim, enganou inclusive a mim -, a dúvida parece ser mesmo onde surgirá o amanhã, aquele “radioso de luz, varonil”. Parece mesmo que para esse nosso futebolzinho míope que vimos presenciando hoje, nada mais apropriado que um técnico a que chamam de...“vesgo” (como dizia o meu realista, infortunado, desiludido e tristonho avô, S.Assis P.Ererê, “não dá pra fazer churrasco se a vaca foi pro brejo...”).

Tópicas: curiosidade

Em tempo: como não sou dirigente e posso, sim, ter as minhas questões freudianas com o “Timão” (argh!), não sei se chegou ao Sul um número recente da revista “Poder”, da jornalista Joyce Pascowitch - em perfil com o presidente daquele clube, surge a declaração do próprio na capa: “somos uma nação de 30 milhões de torcedores. Podemos eleger um Presidente da República...”. Pois é, pra bom entendedor...

Bem, caros leitores, por enquanto é só isso – e ponto final.

Fui (e não a pé).

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